São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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Editoriais

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Crédito para a produção

A DESPEITO da crise financeira internacional e da saída de capitais externos no valor de R$ 24,6 bilhões, o que impulsionou a queda de 41,2% no Ibovespa em 2008, os investidores comuns mantiveram parte de sua poupança no mercado acionário. Em novembro, as pessoas física que aplicaram em ações somavam 548,7 mil, o maior patamar já registrado na Bolsa brasileira.
Em média, tais investidores responderam por 26,7% das operações de compra e venda de ações no ano. Praticamente igualaram o volume dos investidores institucionais (27,1%); já os estrangeiros, com 35,5% de participação, continuam determinantes para a tendência do mercado.
Com a queda nas cotações, em 2008 o valor das empresas listadas na Bovespa baixou R$ 1,1 trilhão. Tamanho impacto se refletiu nos balanços corporativos, o que restringiu o fôlego das empresas de captar recursos para ampliar ou sustentar negócios.
A aversão ao risco que tomou de assalto os investidores paralisou a entrada de empresas no mercado acionário. No ano passado, apenas quatro novas corporações abriram seu capital. Sem esse expediente, as empresas passaram a buscar outros meios de obter recursos.
O crédito angariado com notas promissórias saltou de R$ 9,7 bilhões, em 2007, para R$ 20,6 bilhões, em 2008. Esses papéis de curto prazo (180 dias, em média) e juros salgados constituíram, muitas vezes, a única porta das corporações para o crédito.
Diante dessas dificuldades, ampliaram-se as pressões sobre o BNDES, a principal fonte de recursos em reais com prazos mais dilatados e juros moderados. Não é função desse banco estatal, contudo, sustentar as necessidades de crédito para capital de giro, de curto prazo, no país.
É crucial, assim, que as autoridades redobrem esforços para que o setor bancário tradicional, público e privado, normalize suas operações de empréstimo.


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