São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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TENDÊNCIAS/DEBATES

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Prioridades e deveres de São Paulo

GILBERTO KASSAB


É responsabilidade de todos os paulistanos dar ao Brasil uma demonstração concreta de que podemos, sim, enfrentar a crise global

EM SÃO PAULO, graças a um trabalho sério de planejamento anterior, temos hoje a oportunidade rara de iniciar um mandato com todas as contas pagas, equacionadas e com dinheiro em caixa. Diante da crise mundial que nos atinge, os recursos serão usados ainda com mais critério.
É responsabilidade de todos os paulistanos -e muito especialmente minha, como prefeito- darmos ao Brasil uma demonstração concreta de que podemos, sim, enfrentar a crise global.
Acompanhamos os esforços dos governos estadual e federal para minimizá-la. A hora é de união e de trabalho conjunto. O país exige isso de todo administrador responsável. Mantenho uma relação administrativa respeitosa e objetiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros. Continuamos parceiros do governador José Serra, cujo modelo de administrar procuro seguir. Temos um projeto comum e a ele continuaremos fiéis.
A condição de prefeito me coloca em contato direto com a realidade, com as pessoas, com seus anseios e problemas do dia-a-dia, principalmente os de saúde, educação e transporte. Afinal, como tanto enfatizava o saudoso governador Franco Montoro, é no município que a vida acontece. Exatamente por isso, rejeito a hipótese de cortes no orçamento de 2009 nessas áreas que formam nossa prioridade.
A prefeitura vai procurar fazer o seu melhor, mas espera também que cada um se invista da sua responsabilidade municipal, que é o exercício dos deveres da cidadania. Temos todos -administradores e administrados-, unidos, de cuidar da casa, mantê-la arrumada, limpa, com os guichês funcionando, os serviços sendo prestados com respeito e eficiência.
Aqui, nas ruas e praças, na ponta da linha, é disso que se trata: administrar o dia-a-dia da cidade, torná-la cada vez mais fraterna, generosa e confiável. Nossa decisão de transparência implica uma luta implacável contra qualquer tipo de desvio ou desmando.
Essa será uma marca forte desta gestão, podem escrever.
Cuidar das pessoas, facilitar a vida dos que aqui trabalham exige que não apenas nos proclamemos e pareçamos corretos e austeros, mas nos tornemos transparentes de fato. Vamos usar todos os recursos disponíveis para que cada ato da administração seja acessível pelos cidadãos, diretamente ou por meio daquela que Rui Barbosa definia como os olhos do povo, a imprensa.
Tenho repetido à minha equipe que isso requer administração rigorosa dos recursos, mas, acima de tudo, exige sensibilidade e respeito pelos que dependem do poder público, dos nossos alvarás, das nossas licenças, da nossa presença eficiente e permanente nas escolas, hospitais, ônibus, unidades de saúde, albergues, parques etc. Nós, servidores municipais, devemos cumprir nossa missão com dedicação. Vamos manter a cidade limpa, tapar os buracos, melhorar as calçadas, aperfeiçoar os serviços públicos, evitar desperdícios, fiscalizar a aplicação dos recursos e -repito- levar às últimas consequências nossa batalha pela transparência. Vamos aproveitar a crise como uma oportunidade de nos aperfeiçoarmos ainda mais. Já que a crise é global, estaremos atentos às boas experiências internacionais. Foco nas necessidades prementes, cumprimento dos compromissos maiores e já com recursos alocados.
Escolas e hospitais melhores, mais presença da prefeitura na ampliação do Metrô. Menos analfabetismo, menos mortalidade infantil, menos congestionamentos. Melhorar a rede de AMAs e as parcerias com instituições de alto nível, mais horas de aulas para as crianças e mais creches, mais qualidade no transporte público. Esses são os temas preferenciais de minha nova gestão.
Vamos preservar os investimentos na área social. Na saúde, temos investido sempre mais que os 15% previstos na lei. Para este ano, determinei a meta de 17%. Nosso desafio é monitorar as receitas para atingir esse percentual com precisão. Vamos manter os repasses para o Metrô, alcançando R$ 1 bilhão nesta administração. E não vamos aumentar a tarifa do Bilhete Único neste ano. As grandes obras viárias devem ser feitas olhando o futuro. Investir no Metrô e em corredores de ônibus como devem ser. No curto prazo, investir na melhoria da gestão do trânsito.
Nada de obras faraônicas, nada de pirotecnias. Continuarei olhando de perto as obras, fiscalizando os serviços, indo aos bairros levar o meu apoio, minha solidariedade e minha confiança. Estarei presente e cuidando com carinho dessa nossa grande casa, que é nossa cidade. Foi para isso que São Paulo me elegeu.

GILBERTO KASSAB, 48, é prefeito de São Paulo.



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