![]() São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004 |
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FERNANDO RODRIGUES Fragilidade
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fez uma ofensiva de
mídia ontem. Foi à TV Globo logo cedo. Depois, convocou uma entrevista
de mais de uma hora.
Disse zero de novo. Suscitou dúvidas. Afirmou que a política econômica não será alterada. Se não vai, por
que fazer tal declaração?
O mercado reagiu de forma positiva. O dólar caiu um pouco. O risco
Brasil parou de subir. Ainda assim, a
ocupação da mídia por Palocci ontem de manhã foi uma demonstração direta do estado de fragilidade da
economia brasileira.
A incerteza é tamanha que o ministro precisa ir à TV dizer que nada vai
acontecer para que as pessoas acreditem que nada vai acontecer. Ou fingirem acreditar. Psicologia infantil.
Os mercados adoram.
Também parece evidente que o ministro se sentiu obrigado a falar. Tinha de minimizar os efeitos de sua
posição desguarnecida. Seria exagero
enxergar fragilidade em Palocci ou
um risco de perda do cargo -embora ele defenda a autonomia do Banco
Central quando até as carpas do Palácio da Alvorada sabem que o Congresso não aprovará tal medida.
O fato constatável é um princípio
de esgarçamento no tecido de sustentação da cúpula petista. O ministro é
poupado, mas alguns de seus assessores são trucidados em conversas de
bastidor -nominalmente Marcos
Lisboa e Joaquim Levy.
Cristalizou-se dentro do governo
uma antipatia pela política econômica ultra-ortodoxa. No Congresso, a
ojeriza é quase total em relação ao
que faz a equipe de Palocci.
Com os panos quentes utilizados de
ontem, haverá sobrevida e talvez alguma estabilidade extra para a equipe do ministro da Fazenda. Só não é
possível precisar até quando.
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