São Paulo, quarta, 4 de fevereiro de 1998

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Painel do leitor

Explicação
"Entre 'as declarações políticas' do papa, a Folha cita, em quadro publicado na pág. 1-16 (Brasil), em 23/1, uma que alega ter sido proferida 'na Croácia, então em guerra com as repúblicas vizinhas da ex-Iugoslávia'. Essa afirmação é falsa: saliente-se apenas que a Croácia, vítima de agressão desde 1990, em 1994 tinha ainda cerca de 23% do território ocupado, albergando simultaneamente cerca de 450 mil refugiados e exilados."
Zelimir Brala, ministro-conselheiro da Embaixada da República da Croácia (Brasília, DF)
Nota da Redação - O presidente da Croácia, Franjo Tudjman, assinou acordo de paz com dirigentes da Bósnia e da Sérvia apenas em dezembro de 1995. O país, portanto, estava em guerra em 1994, independentemente de avaliações sobre quem era o agressor.

Fábrica de multas
"Onde está o caráter educativo do novo Código Nacional de Trânsito? Nas multas acintosas? Nas penas severas? Em lugar nenhum, pois o objetivo não é esse! Retirado do texto final do código o artigo que obrigava o agente fiscalizatório a parar o motorista para multá-lo, permanecerá viva a instituição da 'fábrica de multas'.
O educativo constrangimento que sofre o mau motorista ao ser parado e multado por uma fiscalização ativa, ostensiva e eficiente, como nos países desenvolvidos, deixou de ser uma perspectiva. Do jeito que ficou, os Estados não mais terão de levantar da cadeira e organizar um melhor serviço fiscalizatório, com todo o pessoal e logística que isso envolve, para proteger os pedestres e bons motoristas."
Lorenzo Frigerio (São Paulo, SP)

Ideais a cumprir
"Tudo começou com os anões do Congresso. Vieram as 'gazeteiras'. Agora, o deputado esquiador. Até quando, nós, paulistas, que carregamos este país nas costas, teremos de amargar essa impunidade?
Para muitos paulistas, os ideais de 1932 não estão perdidos no passado. Paulista, você tem um dever a cumprir. Consulte a sua consciência."
Walmor Barbosa Martins Junior (Jundiaí, SP)
Costa do Marfim
"Na edição de 26/1, o jornalista Edson Franco publicou uma reportagem dita turística, após ter visitado a Costa do Marfim. Ele verteu diatribes preconceituosas e descomunais, simplesmente por ter sido detido no aeroporto por controle de rotina, visando coibir o tráfico de drogas. Desde logo, confundiu-se e confundiu seus leitores, ao estampar a foto do atual presidente Bédié como sendo Houphouet.
Proferiu frases ofensivas, dignas daqueles que se consideram superiores, manifestando, assim, ignorância a respeito da história dos povos e suas particularidades.
Em toda a reportagem, que de turismo não tem nada, ele difamou, desmereceu e ultrajou um povo. Desceu à miudeza da vida daqueles que ele chama pejorativamente de nativos (termo que geralmente exclui a cidadania mundial), esses mesmos que paradoxalmente lhe deram boa acolhida.
Na Costa do Marfim não tem miséria. É um país dotado de uma infra-estrutura turística invejável, de hotéis de cinco estrelas a pousadas. É um país política e economicamente estável. Democrático e liberal, nunca, desde a sua independência, teve um golpe militar. Uma nação acolhedora que repele todo tipo de preconceito e por isso mesmo aguardará sempre o jornalista de braços abertos para beber na fonte da sabedoria e do respeito (não confundir com submissão)."
Georges Louis Gneka e Banhié Anatole (São Paulo, SP)
Leia a seção "Erramos" abaixo.


Meu nome é Enéas
"Entre FHC, Lula, Ciro e Itamar (Sarney ou Requião), a tendência é de uma luta acirrada para a conquista dos votos, cada um procurando tirar vantagem sobre os demais. Dessa contenda, o grande beneficiado e vitorioso será Enéas, por ser confiável e em oposição ao sistema que aí está."
Leandro Troíjo Junior (São José do Rio Preto, SP)

Reforma da Previdência
"O governo FHC vem, nos últimos meses, exigindo dos deputados e senadores esforço concentrado para a aprovação da reforma previdenciária, que, em um dos dispositivos, inclui a contribuição dos aposentados como fonte de custeio da seguridade social.
Acontece que, em 29/4/96, o presidente da República adotou uma medida provisória (nº 1.415) que incluiu a contribuição dos servidores públicos federais inativos como fonte de custeio da seguridade social, demonstrando que o governo julga existir respaldo constitucional para tal medida.
Certo é que a administração de FHC, seguindo a tradição de governos passados, não costuma observar com rigor o princípio da legalidade. Mas poderia, ao menos, manter coerência em sua postura.
De fato, ou o governo federal assume a existência de previsão constitucional que permite o desconto de contribuição social dos aposentados e, por consequência, retira da reforma previdenciária essa matéria ou, então, devolve o dinheiro ilegalmente retirado dos proventos dos servidores públicos federais inativos, em razão da aplicação da MP nº 1.415, haja vista a inexistência de permissivo na Constituição de 1988. O que não pode, e/ou não deve, é o governo continuar mantendo pontos de vista visivelmente incompatíveis."
Pedro Augusto Carcereri (Florianópolis, SC)

Visita salvadora
"A visita de João Paulo 2º a Cuba lembra o encontro de seu antecessor Leão 1º, O Grande, com Átila em 452, quando salvou Roma da destruição. Todos sabemos que o comunismo é a barbárie moderna que imolou 85 milhões de pessoas em nome de sua ideologia sanguinária e estéril. Ao dialogar com o ditador Fidel Castro, ele inicia um período de degelo, em que os cubanos poderão voltar aos poucos à serenidade e ao bom senso depois do cataclismo vermelho.
Os próprios norte-americanos estão finalmente reconhecendo que o maniqueísmo político deles é irrealista, inoperante e estéril. É conversando que a gente se entende. O papa foi conversar. Fidel acabará por entendê-lo."
Remy de Souza (Salvador, BA)

"O artigo 'Amor a Cuba', de autoria do sr. Rubens Ricupero, publicado em 17/1, é um alento em tempos de discursos neoliberais. Seu texto é inspirador, pois prima pela coragem e, sobretudo, pela sensibilidade que, afinal, revela -a contragosto para muitos- o significado de Cuba: um baluarte na resistência contra a exploração e o aviltamento da condição humana."
Maria Leônia Chaves de Resende (São João del-Rei, MG)



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