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ELIANE CANTANHÊDE
Eles estão sambando
BRASÍLIA - Já no embalo do Carnaval, na sexta-feira, o ex-presidente da
Assembléia Legislativa do Espírito
Santo, José Carlos Gratz, dançou feio.
Foi preso no interior de São Paulo,
provavelmente fugindo da polícia,
sob a acusação de compra de votos
na eleição. A prisão tem mil e uma
utilidades, essa da compra de votos
foi apenas a mais rápida e eficaz.
Ontem, já segunda-feira de Carnaval, teve mais gente graúda sambando: o ex-deputado Augusto Farias se
entregou à polícia em Marabá (PA)
com a sua irmã Eleuza Maria Cavalcanti Farias. Os dois, irmãos de PC
Farias, o tesoureiro do Collor que foi
morto com a namorada em Alagoas,
são acusados de trabalho escravo em
suas fazendas. Por hora, conseguiram habeas corpus e estão fora. Mas
de barbas de molho.
Esses episódios nada carnavalescos
vieram se somar à segunda renúncia
à Câmara, em tempo recorde, do novamente ex-deputado Pinheiro Landim. Era, e é, acusado de uma convivência muito esquisita com traficantes, para quem intermediaria habeas
corpus. O processo continua.
Com Gratz e Farias, cresceu a folia
dos políticos ou ex-políticos nas cadeias por esse mundão brasileiro afora. Hildebrando Pascoal e José Alecksandro, cassados, estão presos no
Acre. Talvane Albuquerque, em Alagoas. Jader Barbalho, ex-senador,
agora deputado, já foi transmitido ao
vivo pelo "Jornal Nacional", da TV
Globo, portando algemas. O ex-senador Luiz Estevão vira e mexe vai parar na cadeia. Fora dela, continua às
voltas com a Justiça.
Se os políticos estão na mira, as instituições que representam acabam
entrando também. E é aí que os seus
dirigentes, em geral, e os seus integrantes das comissões e conselhos de
ética, em particular, devem parar e
refletir sobre o que é coragem e covardia, sobre o que é melhor para a democracia e para o próprio país.
Tudo isso é lento e não acontece
porque é Carnaval ou não, mas porque a opinião pública é que tem o
samba no pé. Está cada vez mais
alerta, esperta, crítica. E implacável.
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