|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUY CASTRO
Inocentes e indefesas
RIO DE JANEIRO - Uma estudante de 18 anos disse ter sido estuprada dentro do campus de sua universidade, na Barra Funda, zona
oeste de São Paulo, no fim de semana passado. O homem a teria seguido na rua, entrado no campus com
ela e, à força de uma arma, levado a
garota para uma área deserta do
prédio e a violentado.
Nesta segunda-feira, a polícia de
Alagoinha (230 km de Recife, PE)
prendeu um homem de 23 anos,
suspeito de violentar sua enteada,
de 9 anos. A menina engravidou de
gêmeos, está no quarto mês de gestação e terá de abortar. O rapaz confessou ter estuprado também sua
outra enteada, de 14 anos, portadora de deficiência física e mental. A
mais nova contou que era obrigada
a fazer sexo com o padrasto desde
os 6 anos.
E, também no sábado último, outra menina de 6 anos foi encontrada
violentada e morta num bairro de
Frutal (611 km de Belo Horizonte,
MG). Um lavrador, acusado do crime, confessou ter encontrado a pequena na rua, atraído-a para sua casa sob promessa de lhe dar bombons e se despido. Ela se assustou e
ameaçou fugir; ele então a esfaqueou e a estuprou.
Essas são apenas algumas das últimas notícias. Mas é raro o dia em
que o jornal não registre miséria
parecida. Tem-se a impressão de
que a incidência desse tipo de crime
aumentou. Pelo visto, a enorme
oferta de sexo na sociedade moderna, ostensiva na televisão, na propaganda, na moda etc., não é para
todos. Apenas estimula a que alguns queiram a sua parte nem que
seja na forma de garotas inocentes e
indefesas.
A geração de 20 anos em 1968 tinha tanto sexo à disposição que não
cogitava sequer recorrer a profissionais. O mundo parecia maduro
para uma linda democracia sexual,
em que todos viveriam à farta nesse
departamento. Esquecemo-nos de
que não há nada como o homem para desmoralizar uma utopia.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Como abafar escândalos Próximo Texto: Antonio Delfim Netto: Envelhecendo Índice
|