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ATÉ ONDE FOI A TRAMA?
As investigações da Polícia
Federal acerca da gravíssima
violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa caminham para o indiciamento do então ministro
da Fazenda. Mas cabe perguntar se a
implicação de Antonio Palocci Filho
e do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso é bastante para esgotar o assunto ou se outros integrantes da cúpula do Executivo também cometeram desvios de
função nesse lamentável episódio.
A hipótese a questionar é se a devassa na privacidade da testemunha
que refutou Palocci -e/ou a tentativa
posterior de acobertá-la- teria envolvido o Ministério da Justiça. A indagação se baseia no fato de um assessor do ministro Márcio Thomaz
Bastos ter estado na casa do titular da
Fazenda na noite em que a obtusa estratégia para coagir Francenildo foi
definida. No dia seguinte (17 de março), extratos bancários do caseiro foram divulgados pela revista "Época".
Thomaz Bastos afirma que sempre
atuou no episódio dentro das prerrogativas do cargo. Diz que não teve conhecimento naquela noite da ida do
auxiliar à casa de Palocci -o titular
da Justiça estava em Rondônia-;
que para lá o assessor se dirigiu unicamente com o fito de atender a um
chamado do ministro da Fazenda.
Já o subordinado de Bastos diz que,
na casa, os extratos do caseiro não
lhe foram mostrados; que Palocci e
Mattoso trataram em privado, dentro
de um escritório. Nessa versão, a
participação do funcionário do Ministério da Justiça teria se resumido a
receber um pedido de Palocci para
que a Polícia Federal abrisse uma investigação contra Francenildo.
Até aqui, não há fatos nem depoimentos capazes de abalar a narrativa
do ministro da Justiça. Mas a história
tem algumas facetas inverossímeis, a
começar dessa participação seletiva
do assessor de Bastos -que seria o
único a não delinqüir nem tomar
ciência de delito numa residência em
que os demais urdiam um crime.
Além disso, a versão supõe que Palocci e Mattoso consumiram dez dias
sem dizer a ninguém no governo o
que de fato havia ocorrido. Até para
que não reste a menor dúvida sobre
as alegações do ministro da Justiça,
as investigações devem ser exaustivas nesse ponto.
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