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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Quem avisa amigo não é

BRASÍLIA - O Planalto não assistiu impassível à troca de cotoveladas entre Fazenda e Planejamento quanto a visões de política econômica. Na verdade, cotoveladas muito mais de Guido Mantega e José Carlos Miranda contra Palocci e Marcos Lisboa.
Lula e o "núcleo duro" do governo (do qual, aliás, Palocci faz parte) tomaram partido do ministro da Fazenda contra o do Planejamento. Mais uma vez, quem foi destacado para o "puxão de orelhas" foi Luiz Gushiken (Comunicação), um japonês com jeitão zen que sabe dizer coisas duras de forma aceitável.
Mantega que se cuide. Apesar de velho companheiro de Lula, ele escapou por um fio de ficar sem-ministério no início do governo e é melhor não brincar com fogo: está no forno uma minirreforma ministerial.
Por ora, Lula tenta fazer a seguinte combinação: transformar ministros que não estão satisfazendo em pré-candidatos a prefeituras em seus Estados. Exemplos: Benedita da Silva (Promoção Social), no Rio, e Olívio Dutra (Cidades), em Porto Alegre.
O problema aí é o que fazer com o "resto". Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), por exemplo, não é candidato e está adorando o cargo. Neste caso, não se usa o tradicional "os incomodados que se mudem". É o incomodado Lula quem tem que mudar. Seria fácil mexer com Amaral, mas todo o cuidado é pouco ao mexer com o aliado PSB.
Mantega também não é candidato a nada em 2004. Aliás, nem é político de carreira, não tem mandato. Antigamente, o jeitinho era despachar o amigo incômodo para uma embaixada ou para um organismo internacional, de preferência chique, em Washington. Como o PT veio para mudar tudo... pode ser que a solução não funcione para Mantega.
Mas o aviso vale para ele, como vale para boa parte do ministério: ponham as barbas de molho, porque estão sendo avaliados por Lula e pelo "núcleo duro". Criticar Palocci, por exemplo, é a maior fria. Esse não precisa ser candidato a nada -a curto prazo, quer dizer. Está firme como uma rocha.



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