São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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CLÓVIS ROSSI

DasLula

SÃO PAULO- O dono do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e a dona da Daslu, Eliana Tranchesi, uniram suas vozes em um só coro, o do "por que só eu?". Lula, naquela célebre entrevista em Paris, disse que o PT só estava fazendo o que "todo mundo faz" no Brasil. O que "todo mundo" faz no Brasil seria caixa dois. Em se considerando que o ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, festejado criminalista, reconhece que caixa dois é "coisa de bandido", tem-se que o presidente da República está endossando "coisa de bandido". Eliana Tranchesi tem, sobre Lula, a vantagem de que não confessa nada. Mas, copiando o caixa dois do idioma em que se especializaram os petistas, ela atribui as acusações de importações irregulares feitas por sua empresa a "um erro de interpretação". É que as importações, segundo diz, foram feitas por outra empresa (a Columbia, uma trading), ainda que em nome de e em benefício da Daslu. Como Lula, no entanto, diz, a sua maneira, que "todo mundo faz" (importações). "O comércio brasileiro está todo abastecido de importados, menos eu", queixa-se Eliana Tranchesi. Menos direta do que o presidente, deixa no ar, como é óbvio a bom entendedor, que o comércio brasileiro, ao menos aquele abastecido de importados, está igualmente cometendo "erro de interpretação". É claro, nessas circunstâncias, que reclame de só ela ser alvo de investigação, como o PT passou a implorar ao jornalismo, na impossibilidade de declarar-se inocente (são réus confessos de "coisa de bandido", ao menos), que dissesse que os outros também "fazem" (caixa 2). E ainda tem descerebrados, inclusive na academia, insistindo na tese da conspiração das elites. De fato, há uma conspiração, a do "por que só eu?". Conspiração que conta muito do que é hoje o Brasil.


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