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Nova paisagem
A PROPOSTA do prefeito de
São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), de oferecer incentivos fiscais aos pequenos comerciantes que reformarem as
fachadas de suas lojas depois de
se adaptarem às regras do Cidade Limpa é oportuna.
A legislação que baniu os outdoors e estabeleceu novas regras
para a colocação de placas indicativas de comércio está conseguindo deixar a cidade menos
poluída em termos visuais, mas
não necessariamente mais bonita. A retirada dos anúncios tende
a revelar "cicatrizes" nas fachadas dos edifícios. Para que os
bairros comerciais não fiquem
com ares de zonas deterioradas,
vai ser preciso recuperar o que os
cartazes escondiam.
Baixar normas é relativamente
simples; mais complicado é conseguir vê-las implementadas da
forma concebida pelo planejador. Trata-se, afinal, de uma cidade de 10 milhões de habitantes, com fiscalização precária, e
na qual as pessoas que se sentirem prejudicadas podem recorrer ao Judiciário, que tende a levar anos para decidir.
Assim, para obter resultados, o
melhor caminho é o poder público induzir, por meio de uma política de isenções fiscais e subsídios, as transformações urbanísticas que quer ver concretizadas.
É o que fez, por exemplo, Barcelona nos anos 80 -que serve de
modelo para Kassab.
O prefeito pretende premiar
com isenção de IPTU (Imposto
Predial e Territorial Urbano) em
2008 os imóveis comerciais com
valor venal de até R$ 300 mil.
Além desse montante, haverá diminuição progressiva da isenção.
A prefeitura estima que vá abrir
mão de impostos da ordem de R$
30 milhões a R$ 35 milhões
anuais. É um valor aceitável
diante das receitas globais do
município -R$ 17,1 bilhões em
2006- e mesmo do total arrecadado pelo IPTU -R$ 2,7 bilhões.
Espera-se que a iniciativa melhore de fato a paisagem urbana.
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