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FERNANDO RODRIGUES
Renan, o rei do gado
BRASÍLIA - Renan Calheiros começou na política profissional há
quase 30 anos. Elegeu-se em 1978
deputado estadual em Alagoas. De
lá para cá, viveu com salário de político -salvo um breve período no
início da década de 90, quando ocupou uma sinecura na Petrobras.
Construiu um patrimônio rentável. Suas fazendas no interior de
Alagoas dão lucro. Tudo num Estado não propriamente conhecido
pela fertilidade de suas terras nem
pela opulência de seu gado.
No ano passado, Renan faturou
R$ 1,9 milhão no setor agropecuário. Vendeu 784 cabeças de gado.
Tem ainda 1.704 reses em estoque.
É um ás do agronegócio.
Lula até outro dia procurava alguém no Congresso para nomear
como ministro da Agricultura. Deve
hoje se lamentar por não ter sido
apresentado a esse Renan Calheiros laborioso e bem-sucedido.
Ironia à parte, o relevante a ser
dito é a capacidade de Renan para
provar oficialmente todas as suas
operações -sem fazer juízo de valor se são ou não legítimas.
Esse é o ponto: a alta sofisticação
dos métodos e operações de políticos encrencados. É raro aparecer
um tolo como Severino Cavalcanti
disposto a aceitar um cheque mixuruca e compensá-lo em sua conta.
Tome-se o caso de fazendas e negócios agropecuários em geral.
Quanto custa um cavalo ou um boi?
São ativos cujos valores embutem
alto grau de intangibilidade. Pede-se um preço qualquer e recebe-se o
dinheiro correspondente.
Hoje Renan prometeu apresentar notas fiscais e cheques comprovando seu espetáculo do crescimento no ramo do gado. Nas palavras do presidente do Senado, explicará "tudinho". É possível.
Até porque, ninguém acredita haver disposição no Senado para verificar quem são todos os matadouros
interessados em comprar o gado do
presidente da Casa. No Senado, Renan já se sente absolvido.
frodriguesbsb@uol.com.br
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