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DESINTELIGÊNCIAS FEDERAIS
Crise, rusga, tremor. Foram esses
os termos usados pelo ministro da
Justiça, Renan Calheiros, para caracterizar o relacionamento entre a Polícia Federal, a ele subordinada, e o setor de inteligência do governo federal, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), ambas na prática
sob o comando do general Alberto
Cardoso, chefe da Casa Militar da
Presidência da República.
As desinteligências que o ministro
agora reconhece entre os órgãos de
segurança federais não são novas,
além de se reproduzirem também no
interior da própria PF, marcada por
divisões internas em grau exacerbado, o que só agrava a situação.
O problema, ou conjunto de problemas, se arrasta, a bem dizer, desde o
início do primeiro mandato de FHC,
quando agentes federais estiveram
envolvidos no grampo do caso Sivam, sem que se tenha visto até o momento empenho maior por parte do
Executivo para dirimi-lo.
Pelo contrário, a criação da Senad,
em meados do ano passado, acirrou
a disputa pelo combate às drogas
dentro do governo. Em tese, o novo
órgão deveria, além de cuidar da prevenção e da recuperação de dependentes, coordenar a repressão ao tráfico, tarefa atribuída originalmente à
PF pela Constituição. Além de espaço
por poder, estão em jogo recursos
nada desprezíveis, nacionais e sobretudo internacionais, à disposição de
quem assume o combate ao tráfico.
Um assunto dessa importância não
pode continuar à mercê de querelas
entre grupos e órgãos públicos.
Acresce a esse problema a existência
da Abin, versão atualizada do extinto
SNI, cuja criação ainda não foi sancionada pelo presidente e cujas atribuições são por ora um tanto nebulosas. Alguns de seus quadros, no entanto, são hoje suspeitos de estar envolvidos no grampo do BNDES, o
que constitui motivo a mais para que
se pense a respeito da utilidade desse
órgão num regime democrático.
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