São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A cartola da intolerância
ALOIZIO MERCADANTE
O governo do presidente Lula tem um compromisso histórico, reafirmado durante a campanha eleitoral, de levar adiante a reforma agrária no Brasil, como parte do processo de desenvolvimento e inclusão social que é o eixo do seu programa de governo. Levá-la adiante dentro dos princípios da Constituição e da lei, de forma pacífica e negociada, como é a marca deste governo. Nunca um governo federal dispensou um tratamento tão adequado aos pequenos produtores na história recente do país. No último mês, o Congresso aprovou as regras para a renegociação das dívidas dos assentados da reforma agrária e dos agricultores familiares, beneficiando mais de 825 mil famílias. Aprovou, também, o Programa de Aquisição de Alimentos produzidos por esse segmento produtivo, bem como a instituição do Benefício-Safra para o semi-árido. Junto com as medidas aprovadas pelo Parlamento, no último dia 24 de junho, o presidente Lula anunciou a disponibilização de R$ 5,4 bilhões para o financiamento da agricultura familiar. A reforma agrária, como todo processo de mudança social, gera tensões. Isso é da natureza desse processo. Também é natural que os movimentos sociais interessados na reforma lutem por ela e apresentem suas reivindicações. Faz parte do jogo democrático, ainda que, para alguns que se dizem democratas, o único jogo permitido seja o que favorece seus interesses e privilégios. O que não é admissível é o desrespeito à lei. Alguns segmentos do movimento social têm cometido excessos que não são aceitáveis dentro de um processo democrático de reforma. Tampouco é aceitável que organizações dominadas por grandes proprietários, ou segmentos desses proprietários, façam apologia da violência e criem grupos armados ilegais. O governo do presidente Lula não tolerará esse tipo de comportamento. As tensões e os conflitos têm que ser solucionados pela via da negociação, do diálogo democrático, da participação pluralista e do irrestrito respeito à lei. Essa perspectiva vai ao encontro do que tem sido a marca do comportamento do presidente Lula ao longo de toda a sua trajetória política e, especialmente, no exercício da Presidência da República. O rechaço a toda forma de discriminação e preconceito, a contínua dedicação à construção de uma sociedade plural e mais justa e a grande capacidade de negociação são traços distintivos da personalidade e da história do nosso presidente. Talvez por isso, em todas as solenidades de que participou, sempre tenha recebido com carinho e reconhecimento as homenagens prestadas. Também por isso, trouxe ao Palácio do Planalto o debate com os movimentos sociais, como forma de reforçar simbolicamente a institucionalidade democrática e a determinação do governo para o diálogo e a negociação como meios de encaminhamento de soluções concretas aos problemas do povo brasileiro. Essa é a cabeça do presidente, independentemente do que os cartolas digam do boné que eventualmente use. Aloizio Mercadante, 49, economista, professor licenciado da PUC e da Unicamp, é o líder do governo no Senado Federal. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Oscar Niemeyer: O auditório do Ibirapuera Índice |
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