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Vitória contra as Farc
Uribe desfechou outro golpe na guerrilha e com isso se cacifa ainda mais para concorrer a um terceiro mandato
A ESPETACULAR libertação de 15 reféns em poder das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (Farc) representa uma
tremenda vitória militar e política para o presidente Álvaro Uribe. Significa ainda uma derrota
para o líder venezuelano, Hugo
Chávez, e seus aliados, que apostavam na crise dos reféns para
enfraquecer Uribe e sua política
de colaboração com os EUA.
A operação que resultou na libertação foi um raro sucesso.
Sem disparar um único tiro, o
Exército colombiano conseguiu
tirar do cativeiro a ex-candidata
presidencial Ingrid Betancourt e
mais 14 pessoas, incluindo três
norte-americanos.
Como costuma acontecer nessas operações, há dúvidas sobre
aspectos da versão apresentada
pelo governo colombiano. Também causou espécie a presença
no país do candidato republicano à Presidência dos EUA, John
McCain, que terá se beneficiado
pela associação de sua visita com
o resgate.
Nada disso, porém, basta para
alterar o resultado final: Uribe
desfechou outro duríssimo golpe
nas Farc e com isso se cacifa politicamente ainda mais para mudar a Constituição e concorrer a
um terceiro mandato em 2010.
Os dissabores que o presidente
vinha experimentando no Congresso e no Judiciário tendem
agora a tornar-se irrelevantes.
Uribe já vinha com taxas de
aprovação popular superiores a
80%, principalmente por conta
de suas vitórias sobre as Farc e
da redução da criminalidade urbana. A libertação de Ingrid, que
se tornara o símbolo da crueldade da guerrilha, reforça ainda
mais a imagem de Uribe como
homem que controlou a violência -um formidável trunfo eleitoral num país que vem há meio
século sendo devastado por bandos criminosos.
É inegável também que o Plano Colômbia, a ajuda financeira
e militar dos EUA para combater
o narcotráfico, a guerrilha e os
paramilitares, foi fundamental
para o sucesso. Os "paras" e as
Farc vivem seus estertores. Paradoxalmente, é o narcotráfico,
principal alvo de Washington,
que dá sinais de resistência.
Segundo o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime a área de plantio de coca na
Colômbia cresceu 27% de 2006
para 2007. É um resultado bastante ruim quando se considera
que, de 2001 até hoje, Washington já despejou ao menos US$
5,5 bilhões no país sul-americano para financiar operações de
extermínio de plantações e repressão a cartéis.
Espera-se que Uribe resista à
tentação de mais uma vez redesenhar as instituições em seu
próprio favor. Se desistir por
aqui, passará à história como o
presidente que conseguiu derrotar os bandos armados. Se insistir em ficar, adentrará o imponderável e estabelecerá um péssimo precedente para a democracia no continente.
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