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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Pedro Aleixo. Centenário(1901-2001)
No dia 1º de agosto, celebrou-se,
no Brasil, o centenário do nascimento de Pedro Aleixo, no distrito de
São Sebastião, hoje Bandeirantes, em
Mariana (MG). Sua vida ficou marcada por hábitos simples, pela firme fé
cristã, pelo amor à família, pela dedicação ao estudo, ao ensino e ao exercício
do jornalismo e da advocacia, pela
promoção dos pobres, das crianças e
dos enfermos e pela intensa militância
política a serviço do bem comum.
Do matrimônio com dona Maria
Stuart Brandi Aleixo, teve quatro filhos: Maurício, José Carlos, Sérgio e
Heloísa. Formado em direito, mais tarde professor catedrático de direito penal, ocupou cargos dos mais relevantes
no Estado de Minas e no país: vereador
em Belo Horizonte (1927-30), membro
da Assembléia Constituinte (1933-34),
deputado federal (1934-37 e 1959-67) e
estadual (1947-51), ministro da Educação e Cultura e vice-presidente da República (1967-69). A ele coube, por
dois breves momentos, exercer a alta
missão de presidir o Brasil. Faleceu em
Belo Horizonte em 3/3/75.
As solenidades do centenário estendem-se de Mariana a Ouro Preto e Belo Horizonte, e, dentro de poucos dias,
também a Brasília, na sessão magna no
Senado e na Câmara dos Deputados.
São homenagens merecidas a quem,
em tempos turbulentos de nossa história, revelou-se um de nossos maiores
estadistas.
Desejo unir minha admiração e alegria a quantos celebram o centenário
de Pedro Aleixo. Tive a oportunidade
de conhecê-lo pessoalmente e sinto-me ligado pela amizade e ministério
sacerdotal a seu filho jesuíta, padre José Carlos Brandi Aleixo, cuja ordenação foi motivo maior de felicidade para
o pai.
Com profunda emoção, participei da
celebração litúrgica na Sé de Mariana e
de solenes reuniões nesses dias.
Refiro-me, de modo especial, à sessão magna realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, por iniciativa
do vereador dr. Antonio Pinheiro. Os
oradores enalteceram a atuação de Pedro Aleixo no jornalismo, com a fundação, em 1928, do "Estado de Minas",
a competência como advogado e jurista e os vários momentos de sua militância política. Reconheciam, todos, o
exemplo de dignidade, os princípios
éticos e democráticos, a abertura ao
diálogo e o zelo pela liberdade e pela
justiça.
Seu filho, dr. Maurício Brandi Aleixo,
recordou o fato que resume as convicções religiosas, a coerência moral, a fibra de caráter e o patriotismo de Pedro
Aleixo. Ouvimos, comovidos, a narração do que sucedeu em 13 de dezembro de 1968. Estava reunido, em Brasília, o Conselho de Segurança Nacional.
Discutia-se a aprovação do Ato Institucional nº 5. Sabemos quais foram as
dramáticas consequências da arbitrariedade, dos cansaços, das torturas e
das violências que haveriam de se instaurar no país. O presidente general
Costa e Silva solicitou, então, o voto
dos membros do Conselho. A única
voz contrária à implantação do AI-5
foi a do vice-presidente, Pedro Aleixo.
Este voto custou-lhe a destituição do
cargo, impedindo-o de assumir a Presidência quando o general Costa e Silva foi vítima de trombose e morte prematura.
A voz abençoada de Pedro Aleixo,
discordando do AI-5, permanecerá em
nossa história como sinal de coragem e
de dignidade para as gerações futuras.
Era a expressão de suas convicções religiosas e democráticas e do seu incondicional amor à liberdade. Teriam sido
outros os rumos do Brasil se, como era
de direito, Pedro Aleixo tivesse ocupado a Presidência. Deus permita que a
memória desse cristão exemplar e líder político desperte em nossa juventude a esperança.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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