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Momento de definição
Desaceleração da economia não causa surpresa, mas é razoável esperar que o país volte a crescer a taxas sustentáveis no 2º semestre
A divulgação da produção industrial de junho, com queda de
1% em relação a maio, confirmou
as expectativas de desaceleração
significativa da economia no segundo trimestre do ano. Ainda assim, a indústria terminou o trimestre com alta de 11% sobre o
mesmo período de 2009 e de 1,4%
diante da média do trimestre anterior. Com isso espera-se que o PIB
tenha crescido algo próximo a 1%
no período, contra 2,7% no primeiro trimestre.
A desaceleração recente decorreu basicamente do fim dos estímulos fiscais no setor de duráveis
e de uma natural acomodação depois de um período de acentuado
dinamismo. O mesmo padrão
ocorreu com o consumo, que teve
no segundo trimestre uma fase de
ressaca -com contribuição até da
Copa do Mundo, que ajudou a
acalmar a demanda.
Do lado da inflação, os últimos
meses foram favoráveis. A perspectiva de alta continuada de
commodities e preços industriais
que se colocava no início do ano
perdeu força com a deterioração
das expectativas de crescimento
mundial. Com isso a inflação industrial no atacado foi praticamente a zero nas últimas semanas. Apareceram boas notícias
nos preços para o consumidor,
com forte queda na inflação de
bens duráveis e bom comportamento no valor dos alimentos.
Essa combinação de dados foi a
principal razão para que o Banco
Central optasse por reduzir o ritmo de aumento de juros e indicasse que o ciclo de aperto monetário
já pode ter chegado ao fim, com a
taxa Selic em 10,75%. É ainda uma
possibilidade a ser confirmada na
próxima reunião do Copom, em
setembro. Seja qual for a decisão,
a alta de juros terá sido menor que
a esperada pela maior parte dos
analistas há poucos meses.
Pode-se entretanto esperar uma
retomada da atividade a partir de
julho ou agosto. Os primeiros dados parecem positivos -as vendas de automóveis, por exemplo,
cresceram 8% em relação a junho,
e o mesmo deve ocorrer com o comércio em geral.
O mercado de trabalho continua sólido, com forte criação de
emprego e renda. Nessas condições, não tardará muito para a indústria voltar a crescer.
Para o segundo semestre do
ano, é possível que o PIB volte a se
expandir entre 4,5% e 5% ao ano,
ritmo próximo ao que se considera
sustentável em nossa economia.
Já o quadro inflacionário dependerá da demanda doméstica e
do ambiente internacional, que
teve melhora marcante nas últimas semanas. Houve progresso,
por exemplo, na crise fiscal europeia e já se vislumbra a estabilização do crescimento na China. Com
isso, insinua-se uma recuperação
nas cotações das commodities,
ainda que tímida.
Espera-se que a economia continue a crescer até o fim do ano de
maneira mais equilibrada, sem
pressões inflacionárias significativas. Trata-se no entanto de expectativas -que podem ser contrariadas, como ocorreu recentemente
com as previsões do mercado sobre aumento de juros.
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