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DEZ ANOS DEPOIS
Passados dez anos da reunificação das antigas Alemanhas Ocidental e Oriental, é inescapável a
conclusão de que já está concluída a
parte mais difícil desse processo sem
precedentes na história. O dado mais
eloquente é o de que, hoje, são 89%
dos alemães-orientais os que aprovam a unificação, o maior índice desde que se realizam pesquisas do gênero. A sondagem é feita pela Fundação Friedrich Ebert, ligada ao SPD, o
Partido Social Democrata.
É evidente que nem todos os problemas foram superados. A renda
"per capita" do alemão-oriental ainda corresponde a apenas 60% da do
alemão-ocidental, mas esse número
era de 32% em 91. Nos salários médios, a diferença é bem menor. O
oriental aufere 90% dos rendimentos
de um ocidental, contra 26% em 91.
O desemprego, maior do lado oriental, explica o fenômeno.
Não deixa de ser sintomático, porém, o fato de 90% dos orientais afirmarem que o modelo de bem-estar
social da antiga Alemanha comunista era superior ao da atual. Mas essa
cifra indica menos um fracasso da
reunificação do que o reconhecimento de uma virtude, possivelmente a única, do regime anterior.
As críticas à unificação não vêm
apenas do Leste. Muitos alemães-ocidentais se queixam dos altos custos da absorção do lado oriental, estimados em US$ 540 bilhões, mais ou
menos o PIB brasileiro.
Mas todas essas apreciações desfavoráveis são pontuais. Desde a queda
do Muro de Berlim, em 1989, a reunificação se colocou para os alemães
como um imperativo. Precisaram de
menos de um ano para levá-la a cabo,
o que, à época, parecia uma façanha
quase irrealizável. Mesmo dividida
pela Guerra Fria e rasgada por um
muro, a Alemanha nunca deixou de
ver a si mesma como uma só nação.
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