São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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DEZ ANOS DEPOIS

Passados dez anos da reunificação das antigas Alemanhas Ocidental e Oriental, é inescapável a conclusão de que já está concluída a parte mais difícil desse processo sem precedentes na história. O dado mais eloquente é o de que, hoje, são 89% dos alemães-orientais os que aprovam a unificação, o maior índice desde que se realizam pesquisas do gênero. A sondagem é feita pela Fundação Friedrich Ebert, ligada ao SPD, o Partido Social Democrata.
É evidente que nem todos os problemas foram superados. A renda "per capita" do alemão-oriental ainda corresponde a apenas 60% da do alemão-ocidental, mas esse número era de 32% em 91. Nos salários médios, a diferença é bem menor. O oriental aufere 90% dos rendimentos de um ocidental, contra 26% em 91. O desemprego, maior do lado oriental, explica o fenômeno.
Não deixa de ser sintomático, porém, o fato de 90% dos orientais afirmarem que o modelo de bem-estar social da antiga Alemanha comunista era superior ao da atual. Mas essa cifra indica menos um fracasso da reunificação do que o reconhecimento de uma virtude, possivelmente a única, do regime anterior.
As críticas à unificação não vêm apenas do Leste. Muitos alemães-ocidentais se queixam dos altos custos da absorção do lado oriental, estimados em US$ 540 bilhões, mais ou menos o PIB brasileiro.
Mas todas essas apreciações desfavoráveis são pontuais. Desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, a reunificação se colocou para os alemães como um imperativo. Precisaram de menos de um ano para levá-la a cabo, o que, à época, parecia uma façanha quase irrealizável. Mesmo dividida pela Guerra Fria e rasgada por um muro, a Alemanha nunca deixou de ver a si mesma como uma só nação.


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