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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Missionários do verbo divino

Nestes últimos decênios temos nos beneficiado muito com a proclamação do testemunho de vida virtuosa de numerosos homens e mulheres que seguiram mais de perto a Jesus Cristo. Precisamos conhecê-los melhor e deixar que seu exemplo suscite entusiasmo e imitação.
Alegra-nos saber que ainda neste mês, no dia 19, madre Teresa de Calcutá receberá o reconhecimento de sua vida totalmente dedicada aos mais desfavorecidos
A 5 de outubro, domingo próximo, o Papa João Paulo 2º estará declarando santos dois sacerdotes, ligados pela amizade e pelo mesmo amor a Jesus Cristo e zelo missionário em levar a mensagem do Divino Salvador aos que ainda não o conheciam. Padre Arnaldo Janssen e padre José Freinademetz foram chamados por Deus, na segunda metade do século 19, para intensa atividade na propagação do Evangelho. Estão na origem da fundação da Sociedade do Verbo Divino, congregação religiosa que, unida às Missionárias Servas do Espírito Santo, incluindo as Irmãs Contemplativas, supera hoje 10 mil membros em mais de 60 países nos cinco continentes, difundindo o Reino de Amor e Paz de Jesus Cristo.
A vida desses dois apóstolos é um poema de confiança em Deus e dedicação heróica ao próximo.
Arnaldo Janssen nasceu em Goch, na Alemanha, a 5 de novembro de 1838. Consagrou-se a Deus e recebeu a ordenação sacerdotal aos 23 anos. Lecionava matemática na universidade, mas muito cedo sentiu o apelo para entregar-se inteiramente ao anúncio do Reino de Deus. Eram tempos difíceis para o catolicismo na Alemanha devido às imposições de Bismarck, causando até a expulsão de religiosos. Justamente nesses anos, cresce o ideal missionário de padre Janssen, que, em 1875, reúne os primeiros companheiros e dá início em Steyl, na Holanda, à nova congregação.
Dois anos depois, já partem os religiosos para a China. Um deles era o padre José Freinademetz que, com 27 anos, em companhia do padre João Anzer, chega a Hong-Kong e segue para Shantung do Sul. Esse ardoroso missionário, nascido em 1852 no Tirol do Sul, sob o império austríaco, tornou-se modelo de total amor e devotamento aos chineses, com os quais procurou sempre mais se identificar. Aprende a língua e escreve um "Manual de Doutrina Cristã". Forma catequistas. Passa por doenças e perigos na vida, mas, mesmo na perseguição, nunca abandonou suas comunidades. Vítima do cansaço e do tifo, aos 55 anos, morreu na querida terra de adoção, após quase 30 anos de profunda integração com o seu povo.
Afirmava: "Amo a China e os chineses; quero morrer no meio deles e continuar sendo chinês também lá no céu". Seu testemunho de vida comprova o lema que repetia: "A língua que todos entendem é a linguagem do amor".
As fundações de Arnaldo Janssen manifestam sua intensa fé, trabalho árduo, paixão pela unidade e entrega nas mãos de Deus. Soube animar o zelo de milhares de sacerdotes, irmãos e irmãs, religiosos e leigos missionários. Santo Arnaldo e são José Freinademetz intercedam por nós e fortaleçam nas comunidades do Brasil o ardor missionário. Façam crescer o anseio de unir no amor de Cristo rostos diversos, povos e raças numa só família e num só coração.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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