Sem surpresa, o ex-senador José Serra (PSDB) e a prefeita Marta Suplicy (PT) chegaram à frente no primeiro turno da eleição municipal de São Paulo e deverão enfrentar-se novamente no próximo dia 31. O pleito paulistano converte-se, assim, no fiel da balança da disputa nacional entre os dois partidos, que se consolidam como as principais forças políticas do país. Dado o relativo equilíbrio das legendas na corrida pelas capitais mais relevantes, quem se sagrar vencedor em São Paulo poderá reivindicar para si o título de grande vitorioso destas eleições.
À parte o espírito de enfrentamento que opõe as duas agremiações, deve-se ressaltar a semelhança existente entre suas propostas. Ambos os candidatos defendem a inserção social, falam em dar ênfase à educação e à saúde, reconhecem a importância das parcerias entre a administração pública e a sociedade e sustentam que o crescimento econômico por si só não basta para melhorar a situação da cidade e do país.
As diferenças entre ambos parecem ser principalmente de ordem gerencial ou de estilo administrativo. Essa constatação também denota uma aproximação dos anseios e das demandas dos eleitores.
Houve uma convergência em direção ao centro, que arrastou até o PT. O partido outrora de esquerda reescreveu da noite para o dia suas posições históricas. Simbolicamente, neste pleito a agremiação passou a contratar "militantes" em massa -indício da prosperidade que veio com o poder.
Outro ponto a ser salientado é a debacle de Paulo Maluf (PP). Parte de seus fiéis simpatizantes parece ter sido afugentada pela série de acusações que pesa contra o candidato.
A partir de hoje, a eleição entra em uma nova fase. No clima de polarização partidária que marcou a contenda até agora e poderá intensificar-se, será difícil observar um debate em torno de temas verdadeiramente relevantes para a cidade de São Paulo.
Mesmo assim, tratar de seus problemas seria um presente que os dois candidatos poderiam dar aos eleitores, além de não infestar as ruas com mais poluição visual.


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