São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Discernimento
"Se não tenho discernimento para decidir se devo ou não devo votar, como posso ter discernimento para escolher um bom candidato? E será que os políticos dos países onde o voto é facultativo são piores do que os nossos?"
Murilo Antônio Simões (Curitiba, PR)

Democracia julgada
"Primoroso o artigo de dom Geraldo Majella Agnelo de ontem ("Tarefa do eleitor", "Tendências/Debates", pág. A3). Sua afirmação impecável de que "os pobres são os juízes da vida democrática de uma nação" assinala, como contrapartida, o dever evangélico que incumbe a todo governante de agir como servo dos mais desvalidos dentre os cidadãos (Lucas, 6;20 e Mateus, 20;25 a 28). A Campanha Nacional em Defesa da República e da Democracia, lançada pela Ordem dos Advogados do Brasil, buscará inspirar-se nessa grande verdade ética e espiritual."
Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da USP, presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB federal (São Paulo, SP)

Brutalidades
"Jarbas Passarinho foi muito rápido em perceber que o partido dele -o PP, herdeiro da Arena- não tem mais programa, "mas um desprezível jogo de interesse escusos" ("Painel do Leitor", 2/10). Demorou só 40 anos! Também disse que não entende a brutalidade que a militância do PT destina a um homem de esquerda (Serra). Mas parecia entender muito bem a brutalidade que a ditadura destinava a pessoas de esquerda e também a tantos idealistas sem filiação partidária."
Carlos Alberto Penha (Campinas, SP)

Gravidez
"Gostaria de comentar o editorial "Gravidez precoce" (Opinião, pág. A2, 28/9). É um fato comprovado que o índice de gravidez precoce independe do nível social da população. E seria sensato considerar fundamental o diálogo e a educação dos afetos para evitar o sexo irresponsável. Precisamos de medidas escolares e familiares que apresentem valores humanos para a maturidade dos jovens -e os dados do IBGE referem-se também à falta de programas educativos na mídia. Resultados indesejados exigem mudanças de "valores televisivos", entre outros. Propagandas do "sexo seguro" e da banalização da intimidade da sexualidade humana, típicos de novelas, estimulam a imaturidade afetiva. Precisamos acordar para a beleza da vida como um todo."
Cintia Sofia Aponte, psicóloga (São Paulo, SP)

Remédios e dólar
"Justificavam-se os aumentos nos preços dos remédios com o argumento de seus componentes importados, que são cotados em dólar. Por que agora, que o dólar está em baixa, os preços não caem?"
Franz Josef Hildinger (Praia Grande, SP)

Interrupção da gravidez
"O tema da interrupção da gravidez em caso de feto anencefálico deve ser alvo de debate amplo por vários setores da sociedade devido à seriedade do tema e às implicações para o futuro que ele oferece. Quanto à chamada pressão da "hierarquia" da Igreja Católica, quero deixar claro que não só a "hierarquia", como todo o povo católico e cristão, está contra uma barbaridade dessa. Aliás, estão contra ela todos os que respeitam a vida em suas várias manifestações -principalmente as mais indefesas."
Maria Lucia Benevides de Schueler (Rio de Janeiro, RJ)

Conscientização eleitoral
"O senhor Claudio Weber Abramo, em carta publicada nesta seção em 1º/10, a propósito do meu artigo "É isso, professor!" (30/10), que respondia ao seu "Qual é, ministros?" (23/9), partiu para a ofensa pessoal contra mim, o que é incompreensível tendo em vista o conceito de que goza como intelectual, mestre em lógica e em filosofia da ciência. Aliás, somente aceitei discutir publicamente a decisão que o senhor Claudio impugnou pelo jornal, em vez da mesma recorrer, na forma da lei processual, na certeza de que o debate ficaria no plano das idéias. Todavia, a partir do momento em que a discussão resvalou para a ofensa pessoal, o que é lamentável, não devo e não posso, por motivos óbvios, prosseguir no debate. Tenho-o, pois, por encerrado. Não obstante as ofensas pessoais assacadas, desejo deixar expresso o meu respeito e a minha admiração pela Transparência Brasil, que presta relevantes serviços às instituições políticas brasileiras."
Carlos Velloso, ministro do STF, vice-presidente do TSE (Brasília, DF)

Sabotagem
"Tenho dificuldade para encontrar uma palavra que dê conta de expressar o que sinto quando vejo o senador Bornhausen falar de "sabotagem da democracia". A favor de quem estava o senador quando nem escolher nosso presidente nós podíamos?"
Valdecir Luiz Cordeiro (Belo Horizonte, MG)

Incoerência e oportunismo
"O senhor José Genoino afirmou, em artigo publicado na Folha em 30/9 ("Uma democracia sabotada'), que "o senador Jorge Bornhausen (PFL) é um desses políticos que incubaram e desenvolveram sua carreira no ventre da ditadura". Na parte final do artigo, afirma: "Respeitamos o PFL como uma instituição partidária legítima, integrada por muitos políticos dignos". Eu concordo plenamente com a descrição que o presidente do PT faz do senador Bornhausen, mas também acho que a mesma descrição se aplica a quase todos os "políticos dignos" do PFL, incluído o "companheiro ACM"."
Mario Antonio Gneri, professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp (Campinas, SP)

Escolha de sexo
"Em relação à reportagem "Conselho investiga casos de escolha de sexo de bebês" (Cotidiano, 23/9), a Clínica e Centro de Pesquisa em Reprodução Humana Roger Abdelmassih esclarece que a técnica ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide) de fertilização in vitro é absolutamente segura e não causa nem facilita más-formações congênitas nas crianças concebidas por meio dessa técnica. A literatura científica mundial mostra que não há evidências científicas que justifiquem essa afirmação registrada na reportagem. Estudo sobre o assunto, realizado pela Cornell University (Nova York) e publicado em junho deste ano, analisou 8.575 ciclos de ICSI e acompanhou a trajetória das crianças até três e cinco anos de idade. A pesquisa concluiu que não houve diferença no desenvolvimento cognitivo, motor e comportamental entre crianças concebidas naturalmente ou via ICSI. Também não foi encontrado aumento de nenhum tipo de alteração congênita ou no desenvolvimento psicomotor das crianças geradas via ICSI em comparação com aquelas concebidas naturalmente."
Charles Magno Medeiros, Clínica e Centro de Pesquisa em Reprodução Humana Roger Abdelmassih (São Paulo, SP)

Resposta da repórter Cláudia Collucci - Há pelo menos outros cinco estudos internacionais demonstrando que a incidência de anomalias congênitas, entre elas as más-formações geniturinárias, chegam a ser dez vezes superiores com a ICSI em comparação com as gestações naturais. Segundo especialistas, ainda faltam grandes estudos prospectivos, com grupos-controle bem desenhados, para demonstrar a segurança da ICSI.


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