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FERNANDO RODRIGUES
Consolidação democrática
BRASÍLIA - A sexta eleição presidencial seguida é um luxo para um
país como o Brasil. A disputa de ontem marca a consolidação do regime democrático, apesar de todas as
suas imperfeições.
O país vive em democracia desde
1985. São 25 anos. Um quarto de século se passou depois dos 21 anos
da ditadura militar de 1964. Antes
do regime de exceção, houve liberdade política de 1945 a 1964, mas
foram realizadas nesse período só
quatro eleições presidenciais.
Participei de todas as coberturas
jornalísticas das eleições presidenciais de 1989, 1994, 1998, 2002,
2006 e agora em 2010. Para quem
olha de perto apenas o ambiente
envenenado das últimas semanas,
com as altercações vitriólicas na internet entre petistas e tucanos, a
impressão é de uma democracia em
estágio ainda muito primitivo. A
avaliação é correta, mas é necessário dizer que já foi bem pior.
Em 1989, era comum circular a
lengalenga sobre ameaça de militares tomarem o poder após a eleição.
Em 1994 e 1998, o PT flertava com
um mundo pré-queda do Muro de
Berlim. Fazia campanha contra o
Plano Real. O PSDB se acostumou
com o adversário fraco. Em 2002,
tucanos quiseram impor o debate
na base do "ou nós ou o caos". A estratégia do medo fracassou. Lula e o
PT chegaram ao poder.
Petistas se esfalfaram em mensalões e aloprados. O eleitor foi generoso em 2006 e deu a Lula mais quatro anos. Agora, mesmo com um
debate epidérmico e genérico na
campanha, o Brasil teve três candidatos com chances de chegar ao
Planalto que poderiam com folga
disputar o cargo de presidente de
qualquer país do planeta.
Ainda há muito a fazer. O Congresso aprova leis esdrúxulas. A
Justiça se acovarda e não arbitra. Só
não existe dúvida de que a democracia está aí, vigorosa, fazendo o
Brasil melhor. O copo pode estar
meio cheio para alguns, meio vazio
para outros, mas o país entrou numa estrada correta.
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