São Paulo, domingo, 05 de fevereiro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Pensando "grande"

BRASÍLIA - Lula meteu na cabeça que quer o PMDB na sua vice e, quando Lula mete uma coisa na cabeça, sai de baixo. O problema é que há vários PMDBs, e Lula está na mão de um só: o de Sarney e Renan.
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) acende sinal amarelo. Ele está na esquizofrênica situação entre a cassação do mandato e um possível lugar de destaque na campanha de Lula, mas pensa bem política e tem feito avaliações interessantes.
Uma delas: Sarney tem expressão nacional, é verdade, mas seus votos no partido se resumem aos minguados redutos do Amapá e do Maranhão. Os de Renan não vão muito além da pequena Alagoas. Ou seja: Lula tem de pensar "grande".
Segundo João Paulo Cunha, com o pragmatismo que o PT aprendeu em três derrotas e uma vitória presidenciais, o que importa são os líderes que têm muitos votos, não só percentuais. E o mesmo raciocínio para o PMDB vale para a eleição. É preciso ir além dos caciques congressuais e chegar aos de Estados populosos, robustos em votos. Como os governadores Jarbas Vasconcelos (PE) Roberto Requião (PR) e até o tucano Aécio Neves (MG).
Se for mal em São Paulo, onde Alckmin detém o governo do Estado, e Serra, a prefeitura da capital, Lula pode perder ali a bagatela de milhões de votos. Onde vai compensar isso? No Amapá, no Maranhão e em Alagoas? Ou em Minas e no Rio?
É por isso que João Paulo não se acanha: sugere até mesmo uma boa aliança com o senador Marcelo Crivella (PRB), ótimo exemplo na estratégia. É do Rio, bispo da Igreja Universal, tem mídia. E, portanto, um fazedor de votos. Muito melhor, aliás, do que qualquer petista carioca.
Questionado sobre a agressividade da campanha de Lula e a investida em alianças a qualquer custo, o pefelista Bornhausen desdenhou: "Ótimo. Se vão partir para isso, vão chafurdar ainda mais".
E quem se preocupa? Chafurdar ou não é uma discussão chata, "démodée", purista. O que importa é vencer.


@ - elianec@uol.com.br

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