|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Pensando "grande"
BRASÍLIA - Lula meteu na cabeça que quer o PMDB na sua vice e,
quando Lula mete uma coisa na cabeça, sai de baixo. O problema é que
há vários PMDBs, e Lula está na mão
de um só: o de Sarney e Renan.
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) acende sinal amarelo. Ele está na
esquizofrênica situação entre a cassação do mandato e um possível lugar de destaque na campanha de Lula, mas pensa bem política e tem feito
avaliações interessantes.
Uma delas: Sarney tem expressão
nacional, é verdade, mas seus votos
no partido se resumem aos minguados redutos do Amapá e do Maranhão. Os de Renan não vão muito
além da pequena Alagoas. Ou seja:
Lula tem de pensar "grande".
Segundo João Paulo Cunha, com o
pragmatismo que o PT aprendeu em
três derrotas e uma vitória presidenciais, o que importa são os líderes que
têm muitos votos, não só percentuais.
E o mesmo raciocínio para o PMDB
vale para a eleição. É preciso ir além
dos caciques congressuais e chegar
aos de Estados populosos, robustos
em votos. Como os governadores Jarbas Vasconcelos (PE) Roberto Requião (PR) e até o tucano Aécio
Neves (MG).
Se for mal em São Paulo, onde
Alckmin detém o governo do Estado,
e Serra, a prefeitura da capital, Lula
pode perder ali a bagatela de milhões
de votos. Onde vai compensar isso?
No Amapá, no Maranhão e em Alagoas? Ou em Minas e no Rio?
É por isso que João Paulo não se
acanha: sugere até mesmo uma boa
aliança com o senador Marcelo Crivella (PRB), ótimo exemplo na estratégia. É do Rio, bispo da Igreja Universal, tem mídia. E, portanto, um fazedor de votos. Muito melhor, aliás,
do que qualquer petista carioca.
Questionado sobre a agressividade
da campanha de Lula e a investida
em alianças a qualquer custo, o pefelista Bornhausen desdenhou: "Ótimo. Se vão partir para isso, vão chafurdar ainda mais".
E quem se preocupa? Chafurdar ou
não é uma discussão chata, "démodée", purista. O que importa é vencer.
@ - elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O supremo trambique Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A coroa e a pizza Índice
|