São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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O ocaso das Farc

NUMA operação coordenada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, foi libertado Alan Jara, ex-governador de Meta, que era mantido prisioneiro havia quase oito anos pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Jara foi o penúltimo refém de um grupo que deveria ser libertado incondicionalmente, conforme anunciou a narcoguerrilha em dezembro. Três policiais e um militar já haviam sido liberados no último domingo. A expectativa é que seja solto hoje o ex-deputado Sigifredo López.
Ainda que não estejam claras as motivações da operação, há poucas dúvidas. As Farc estão liberando reféns como último recurso, já que suas opções políticas e militares se esgotam.
O grupo há muito tempo abandonou a aspiração ideológica de transformar a Colômbia numa ditadura comunista -sobrevive de biscates criminosos, como a venda de proteção ao narcotráfico, os sequestros e outras formas de extorsão. Ainda assim, vem sucumbindo ao cerco progressivo do Exército colombiano.
Em 2008, sofreu seus piores reveses, com a morte das principais lideranças e o resgate da mais simbólica personalidade mantida em cativeiro, Ingrid Betancourt. O desmonte das Farc se deve à energia do presidente Álvaro Uribe, que alterou a linha acomodatícia da gestão anterior e organizou o sufocamento militar da guerrilha.
As Farc agora lançam cartadas desesperadas com seu estoque de reféns, que alguns estimam em até 700. A soltura de pessoas submetidas a condições atrozes de sobrevivência, às vezes por anos a fio, provavelmente se destina a criar na sociedade colombiana -que rejeita as Farc e apoia seu enfrentamento- um ambiente favorável para algum tipo de negociação.
Seja como for, a libertação de mulheres e homens, vítimas impotentes da covardia e da crueldade da narcoguerrilha, é uma ótima notícia. E o Brasil faz bem em prestar apoio militar logístico às operações de resgate.


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