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FERNANDO DE BARROS E SILVA
"Ó, Minas Gerais!"
BELO HORIZONTE - "Chegou a
sua vez, governador. Agora está tudo pronto para o senhor falar".
Quando Christiane Torloni, a madrinha da cerimônia -de vestido
branco e sapatos de salto alto brancos-, pronunciou essas palavras, a
multidão (em torno de 6.000 pessoas) havia acabado de ouvir Milton
Nascimento cantar "Coração de
Estudante".
Milton era a "surpresa" que a
atriz foi buscar atrás do palco. Cantou tendo ao fundo um telão que
projetava imagens da vida de Tancredo Neves, culminando com a
campanha pelas diretas e o desfecho trágico em 1985.
Antes disso, do alto de um púlpito
que evocava Brasília, Fafá de Belém
interpretou o hino nacional naquele seu estilo sentimental-oceânico.
As pessoas gostam. Muitas choraram. Antes disso, o próprio Aécio
recebeu um capacete das mãos de
operários e apareceu no telão contracenando com Oscar Niemeyer, o
centenário idealizador da nova sede
do governo mineiro.
Estava, de fato, tudo pronto. A
festa, no dia do centenário de nascimento de Tancredo, foi concebida
para lançar Aécio à Presidência. Se
isso não ocorreu, não foi por falta de
apelo local: "Aécio, presidente!, Aécio, presidente!"-o coro da plateia
ecoou três vezes. A primeira delas,
quando Aécio e José Serra ingressaram juntos no ambiente, ao som de
"Ó, Minas Gerais!".
Por ironia, antes da chegada da
dupla, a big band que animava os
convidados executou uma versão
de "Come Together", dos Beatles.
Sim, juntos. Mas como?
Para o paulista, o constrangimento do evento não foi pequeno. Teve
que pagar -e pagou- seu primeiro
pedágio mineiro. Com exceção dos
petistas, a república dos políticos
estava lá, em peso. E Aécio, entre
eles, navegava com muito jeito, mobilizando todos os clichês da mineiridade, entre o folclore e a modernidade, entre o sentimento da província e os olhos voltados para a capital. Não será fácil a vida de Serra
nessa terra que Aécio chama de "o
coração do Brasil".
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