São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2011 |
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FERNANDO DE BARROS E SILVA Farsa de salão SÃO PAULO - Não sei se Lula teve ou terá acesso ao relatório final da Polícia Federal sobre o mensalão. Não sei também se terá paciência para um dia ler suas 332 páginas. Mas deveria. Quem sabe saísse dessa experiência menos desinformado a respeito dos meandros do maior esquema de corrupção ocorrido e desvendado em seu governo. A versão de que o mensalão havia sido uma "farsa", uma obra de ficção arquitetada pela "imprensa golpista" se tornou uma ladainha nas hostes petistas. Intelectuais e apaniguados se valeram do êxito popular do segundo mandato para disseminar mentiras e reescrever a história com a tinta do cinismo. Marilena Chaui, por exemplo, mereceria receber um relatório da PF em brochura. Poderia fazer um seminário a respeito. Quem sabe uma palestra na Funarte: "O Real e as Nervuras do Mensalão". Não há, a rigor, nada que seja propriamente novo e impactante na peça da PF divulgada pela revista "Época". Detalhes de varejo, personagens periféricos que se beneficiaram da roubança, coisas assim. O impacto está muito mais na confirmação, pela própria PF, do que já havia sido divulgado pela imprensa e consta da denúncia do ex-procurador-geral da República. Fiquemos no principal: o mensalão existiu e o esquema criminoso foi em grande medida abastecido com dinheiro público, desviado do fundo Visanet, do Banco do Brasil. Além disso, Daniel Dantas, via Brasil Telecom, celebrou contratos de R$ 50 milhões com as agências de Marcos Valério para "conferir fachada de legalidade necessária para a distribuição de recursos". Paradoxalmente, o documento da PF pode retardar o processo no STF. Isso vai ocorrer se o Ministério Público Federal concluir que precisa fazer aditamentos às denúncias. É difícil avaliar, por ora, quais serão as implicações legais deste relatório. Politicamente, no entanto, a PF jogou uma pá de cal nessa farsa de salão que o PT -de Delúbio a Chaui- quis impingir ao país. Texto Anterior: Editoriais: O conflito marfinense Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Justiça e injustiça Índice | Comunicar Erros |
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