São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Exportações e câmbio

O RESULTADO DE abril da balança comercial parece, à primeira vista, dar sustentação à tese de que o real valorizado não reduz o vigor das vendas externas. As exportações cresceram pela primeira vez no ano acima das importações e atingiram valor recorde para o período -o que se verificou em relação a todos os componentes do comércio internacional.
Mas a análise detalhada dos dados revela o agravamento de tendência preocupante já insinuada nos números de 2006, que é a perda de fôlego das exportações de manufaturados, que compõem a parcela mais nobre da pauta brasileira e são mais sensíveis a questões de competitividade ligadas ao câmbio.
Depois de aumentar um pouco acima da taxa de expansão das exportações totais em 2004 e 2005, a venda de manufaturados cresceu em 2006 a uma velocidade inferior à média. Enquanto as exportações totais avançaram 16,2%, para US$ 137,5 bilhões, as de manufaturados subiram 14,7%, as de semimanufaturados, 22,3%, e as de básicos, 16%.
Nos quatro primeiros meses de 2007, quando as exportações totais cresceram 16,8% sobre igual período de 2006, esse movimento se acentuou: as vendas de manufaturados subiram 11,6%. Os semimanufaturados tiveram alta de 20,3% e, os básicos, de 27,9%.
O quadro é mais preocupante quando se constata que bens de grande peso entre os manufaturados tiveram queda nas exportações no primeiro quadrimestre, entre os quais automóveis (-13,4%) e celulares (-22,6%).
Como a demanda internacional por bens industrializados segue em expansão, os números parecem indicar que as exportações do setor estão inequivocamente sofrendo o efeito da persistente valorização do real.
A solução para o problema não é trivial, o que fica evidente na dificuldade do Banco Central em conter a queda do dólar apesar de maciças compras da moeda norte-americana. Esse cenário torna ainda mais urgente a redução da taxa de juros, que premia investidores externos com a maior rentabilidade do planeta.


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