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Exportações e câmbio
O RESULTADO DE abril da balança comercial parece, à
primeira vista, dar sustentação à tese de que o real valorizado não reduz o vigor das vendas externas. As exportações
cresceram pela primeira vez no
ano acima das importações e
atingiram valor recorde para o
período -o que se verificou em
relação a todos os componentes
do comércio internacional.
Mas a análise detalhada dos
dados revela o agravamento de
tendência preocupante já insinuada nos números de 2006, que
é a perda de fôlego das exportações de manufaturados, que
compõem a parcela mais nobre
da pauta brasileira e são mais
sensíveis a questões de competitividade ligadas ao câmbio.
Depois de aumentar um pouco
acima da taxa de expansão das
exportações totais em 2004 e
2005, a venda de manufaturados
cresceu em 2006 a uma velocidade inferior à média. Enquanto as
exportações totais avançaram
16,2%, para US$ 137,5 bilhões, as
de manufaturados subiram
14,7%, as de semimanufaturados, 22,3%, e as de básicos, 16%.
Nos quatro primeiros meses de
2007, quando as exportações totais cresceram 16,8% sobre igual
período de 2006, esse movimento se acentuou: as vendas de manufaturados subiram 11,6%. Os
semimanufaturados tiveram alta
de 20,3% e, os básicos, de 27,9%.
O quadro é mais preocupante
quando se constata que bens de
grande peso entre os manufaturados tiveram queda nas exportações no primeiro quadrimestre, entre os quais automóveis
(-13,4%) e celulares (-22,6%).
Como a demanda internacional por bens industrializados segue em expansão, os números
parecem indicar que as exportações do setor estão inequivocamente sofrendo o efeito da persistente valorização do real.
A solução para o problema não
é trivial, o que fica evidente na dificuldade do Banco Central em
conter a queda do dólar apesar
de maciças compras da moeda
norte-americana. Esse cenário
torna ainda mais urgente a redução da taxa de juros, que premia
investidores externos com a
maior rentabilidade do planeta.
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