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KENNETH MAXWELL
Fidel x Lula = Açúcar
NA SEMANA passada,
em Assunção, Paraguai, Evo Morales,
da Bolívia, citou um editorial da revista "Economist", de Londres, e
instruiu o presidente Lula quanto
aos méritos da opinião de Fidel
Castro sobre o etanol.
A "Economist" afirmou que
"Castro está certo" ao alegar que os
biocombustíveis produzidos com
base em milho desviariam alimentos para abastecer "carros famintos". Fidel, na realidade, foi bastante além. Classificou o acordo entre
o Brasil e os EUA sobre o etanol como "internacionalização do genocídio".
Assim, o que exatamente está
acontecendo?
Dois fatos.
Primeiro, o etanol produzido do
milho está mesmo sendo promovido pelos lobbies agrícolas da Europa e dos EUA, pesadamente subsidiados, protegidos por tarifas e politicamente poderosos. Mas o etanol de milho não é barato nem benéfico ambientalmente, e seu processo de produção não é eficiente
em termos energéticos. E, a despeito de bilhões de dólares em subsídios, o etanol feito de milho nos Estados Unidos, que responderam
por 44,5% da produção mundial de
álcool combustível em 2006, continua a representar apenas 3,5% do
combustível consumido no país.
Segundo, o etanol feito à base de
açúcar é mais barato e mais limpo.
Sua produção já não depende de
pesados subsídios. Acumulando 30
anos de experiência, o Brasil hoje
responde por 42,2% da produção
mundial de etanol, toda ela com
base na cana-de-açúcar, e três
quartos dos automóveis do país podem funcionar com álcool.
Além disso, como Lula lembrou
corretamente a Morales na semana passada, "a experiência brasileira não compromete a segurança
alimentar".
Assim, por que Fidel se preocupa
com o perigo que o etanol feito de
milho acarreta para o mundo? Cuba não produz açúcar?
De fato o faz, mas o açúcar de Cuba não tem mercado. No entanto, a
apenas 150 quilômetros de distância, do lado oposto do estreito da
Flórida, o ex-governador estadual
Jeb Bush é hoje co-presidente da
comissão interamericana de etanol, em companhia de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do Brasil, e de Alberto Moreno.
Deve ser patentemente óbvio para
Fidel que, se algum país estaria em
posição ideal para prosperar com o
etanol feito de açúcar, no século 21,
seria a Cuba pós-Castro, com a restauração do acesso que desfrutava
antes do comunismo ao imenso
mercado norte-americano; uma
Cuba sem ele, evidentemente, e
que sem dúvida estaria explorando
em benefício próprio o conhecimento e a tecnologia desenvolvidos no Brasil.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de Paulo Migliacci
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