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CLÓVIS ROSSI
A cúpula dos impotentes
TÓQUIO - A capa da revista "The
Economist" desta semana aproveita a cúpula do G8 a iniciar-se amanhã no Japão para discutir "quem
dirige o mundo". Com a habitual
competência, decreta que o G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha,
França, Reino Unido, Itália, Canadá
e Rússia) "parece velho e impotente" (a melhor tradução para "old"
seria antiquado, não velho, que não
é defeito, pelo menos não aos olhos
de quem o é, claro).
Acrescenta que não é o único grupo com essas desagradáveis características. Passa em seguida a perguntar se seria melhor reduzir o G8
a um G4, abrigando as superpotências econômicas (EUA, União Européia, China e Japão).
Outra hipótese, inversa, seria
ampliá-lo para 12, com a incorporação da indefectível China mais Índia, Brasil e Espanha.
Nada contra a constatação de que
todos os sete donos do mundo se
tornaram impotentes (a Rússia está
no G8 menos por sua força real e
mais como prêmio por ter trocado o
comunismo por um desvairado capitalismo). Mas falta dizer que impotentes estão quase todos os governos do planeta, sobrepujados
pela avassaladora força dos mercados, em especial os financeiros.
As evidências são muitas, mas fico apenas no âmbito do G8: na cúpula anterior, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel queria extrair
de seus pares algum tipo de regulação dos mercados financeiros para
tentar controlar o cassino. Não conseguiu. Foi antes da crise das hipotecas "subprime", que revelou um
formidável déficit de regulação. E
antes da disparada mais aguda dos
preços do petróleo e dos alimentos,
para a qual contribui uma boa dose
de especulação nos mercados futuros.
Nem assim a proposta alemã de
2007 voltou à mesa em 2008. Do
que se conclui que os países do G8
são impotentes não em relação a
outros países, mas em relação a um
ente interno a cada um deles, mas
de atuação global, os tais mercados.
crossi@uol.com.br
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