São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Medalha
"A charge do Angeli de 3/9 (Opinião, pág. A2), com a bandeira nacional rasgada (e o mendigo), vale uma medalha. Parabéns."
Mauro Salles, publicitário (São Paulo, SP)

Terror
"De repente, novos ataques mortíferos tomam conta dos noticiários. Em Israel, suicidas explodem seus corpos matando israelenses. Na Rússia, tchetchenos explodem aviões e, no Iraque, estrangeiros são mortos por iraquianos. A pergunta que me vem é: o que fazem os israelenses em terras palestinas, russos em terras tchetchenas e estrangeiros no Iraque?"
Nassib Rabeh (São Paulo, SP)

Lamento
"Escrevo para lamentar que o jornalista Otavio Frias Filho tenha decidido parar de escrever sua coluna semanal. Será uma perda para mim e para todos os que se acostumaram a fazer reflexões uma vez por semana sobre os mais diversos assuntos ao longo desses dez anos. Quem sabe ele renova logo as idéias, como disse na despedida, e volta logo a brindar seus leitores com suas palavras inteligentes e instigantes."
Victoria Andrews (Rio de Janeiro, RJ)

São Francisco
"Além da disputa por verbas federais, outro grande problema com a transposição do rio São Francisco (Brasil, pág. A4, 2/9) são as perdas de água por evaporação. A seca no Nordeste não vem da falta de chuvas (precipitação de 400 mm a 800 mm anuais), mas sim das altas taxas de evaporação, que atingem 3.000 mm/ano em certas localidades. Em 2002, um trabalho do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos mostrou que, apenas na barragem de Sobradinho, a evaporação está ao redor de 300 m3/s -a perda total nas barragens do São Francisco é de 560 m3/s. Como 2.060 m3/s estão garantidos para a produção de energia elétrica, 200 m3/s são atualmente usados para irrigação e 560 m3/s são perdidos, temos 2.820 m3/s, valor aproximado da vazão do rio, que é de 2.800 m3/s. Como, então, desviar mais 127 m3/s (ou 53 m3/s, em média, conforme previsto no projeto) sem causar danos a outras regiões? Mesmo se houvesse água suficiente no rio, sangrá-lo numa região com altas taxas de evaporação é o mesmo que espalhar água para evaporar."
Marcos Gugliotti, engenheiro químico pela FEI, pós-doutor em físico-química de superfícies pela USP (São Paulo, SP)

CFJ
"Fiz a prova do Enem e fiquei surpreso ao ler o tema da redação. Os estudantes deveriam discorrer sobre a imprensa e seus abusos. Nada mais sugestivo num período em que a discussão sobre o Conselho Federal de Jornalismo ainda está quente. Será que os estudantes que forem contra o CFJ serão bem avaliados na redação? Assusta-me saber que o PT partidarizou até a educação!"
Andre Ueta, estudante (São Paulo, SP)

Mídia e informação
"Alexander Herzen, conhecido revolucionário russo, ao contemplar o efeito da tecnologia na palavra, no final da década de 1860, teria dito: "O que realmente temo é Gengis Khan com um telégrafo". Ora, não é justamente essa a apreensão de Olavo Carvalho no artigo "Para além da sátira" ("Tendências/Debates", 31/8)? Os dados que compilou explicitam, segundo ele, o quanto "a mídia elegante tornou-se o maior instrumento de controle e manipulação jamais concebido pelos supremos tiranos". Não restam dúvidas quanto aos efeitos perversos da mídia sobre as pessoas, mas a tecnologia da informação, é necessário que se diga, não criou tiranos e manipuladores, apenas potencializou suas forças. Se há "teoria da conspiração", "sobretudo entre jornalistas", isso certamente deve ser muito útil à "pressão do lobby politicamente correto". Contudo tenho a impressão de que o entusiasmo de Carvalho deva ser contemporizado, afinal, assim como haverá sempre muitos profissionais da mídia dedicados à tecnocracia, ao mesmo tempo outros tantos não estarão dispostos a servi-la. E não é o próprio Olavo de Carvalho um jornalista?"
Luís César Schiavetto (Araraquara, SP)

PPP
"Sabendo-se que o empresariado brasileiro obtém uma remuneração muito maior de seu capital por meio de aplicações financeiras, os investimentos produtivos ficaram em segundo plano. Se a produção já é "mal remunerada", o que dizer dos investimentos em infra-estrutura, cujo retorno financeiro se dá ao longo de décadas? As Parcerias Público-Privadas são mais uma clara manifestação de corrupção "legal", institucionalizada. Só falta agora o dinheiro "privado" vir do BNDES. Alguém espera outra coisa?"
Maurício Saraiva de Campos (São Paulo, SP)

Show no Pacaembu
"Sou escritora de livros para crianças e jovens, participo do projeto "O Escritor na Biblioteca", já trabalhei e convivi com diversos grupos de hip hop e quero aqui atestar que o que caracteriza o comportamento dos jovens nesses encontros é o respeito ao bem comum. Outras características são a enorme criatividade e a espontânea alegria de viver. Ao final de cada encontro, nós, do lado de cá da cidade, sentimo-nos contaminados e revigorados pelo "sangue bom" deles. O comentário da leitora que criticou a realização de um show no Pacaembu ("Painel do Leitor", 1º/9), dando a impressão de que eles não têm condição de circular pelo lado chique da cidade, é deplorável. A sua tentativa de indispor os leitores deste jornal com a realização do festival é pura má-fé."
Sylvia Manzano (São Paulo, SP)

Saramago e Orwell
"Não sei se os dirigentes e militantes do PT leram o "Homem Duplicado", mas muito provavelmente leram "A Revolução dos Bichos". Parece-me que a obra de Orwell é bastante elucidativa para que se compreenda como um projeto revolucionário de governo pode se transformar na versão piorada do que foi derrubado. Até a expulsão de Heloísa Helena, lembrando os velhos mandamentos, está lá, assim como a nova aliança com a Fiesp e as blindagens de seus "fortes". Quem sabe os membros do PT possam reler esse primor de livro e prestar bastante atenção ao seu final."
Maria Ester de Freitas (São Paulo, SP)

Cotas
"Faço duas considerações sobre a reportagem "Unifesp vai reservar cotas para negros" (Cotidiano, 1º/9). A primeira é que essas 27 novas vagas criadas para negros, pardos ou índios que fizeram o ensino médio em escolas públicas ainda não representam um ganho quantitativamente comemorável. Mas deixo também minha segunda consideração. Na esfera simbólica, essa realização tem um peso imensurável. A repercussão dessa medida, levada a cabo por uma universidade de peso, terá influência tanto em outras instituições como na luta daqueles que podem vir a ser favorecidos."
Edmar Silva, coordenador-geral da Cone - Coordenadoria Especial dos Assuntos da População Negra da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)


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