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CLÓVIS ROSSI
Maus companheiros
LONDRES - O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que gosta tanto
de ditados tidos como populares,
bem que poderia prestar atenção ao
"diga-me com quem andas e te direi
quem és".
Se prestasse, teria dito à sua candidata Dilma Rousseff quais ilações
podem surgir do fato de ela rezar ao
lado do apóstolo Estevam Hernandes e da mulher dele, a bispa Sônia
Hernandes, da Igreja Apostólica
Renascer em Cristo, que foram presos nos EUA.
Não levavam dólares na cueca,
mas escondidos em bolsa, em porta-CD e até numa Bíblia.
Se prestasse ainda mais atenção,
tomaria cuidado ao receber em dezembro o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Primeiro, porque, ao contrário do que disse Lula
logo após a vitória eleitoral de Ahmadinejad, o que houve em seguida
não foi uma batalha entre torcidas
de futebol, mas a velha repressão
pura e dura à oposição.
Até uma agência semioficial de
notícias anunciou que um jovem, filho de um clérigo respeitado, morreu na prisão devido a maus tratos
(leia-se: tortura).
Autoridades não podem ser levianas em comentários sobre questões
internacionais.
Ainda mais que o Parlamento iraniano ratificou a indicação de Ahmad Vahidi para ministro da Defesa. Ele é acusado de ser o cérebro
por trás do atentado que matou 85
pessoas em uma entidade beneficente judaica de Buenos Aires, em
1994. Vahidi declarou, após a aprovação: "Minha nomeação é uma bofetada decisiva em Israel".
Bofetada também na Argentina,
cuja presidente, Cristina Fernández de Kirchner, já disse sobre a indicação de Vahidi: "É uma afronta
às vítimas".
Se é tão grave a Colômbia bombardear um acampamento das Farc
em território do Equador -e é muito grave-, por que é menos grave
bombardear um centro beneficente
em território argentino?
crossi@uol.com.br
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