São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Cuidados no agronegócio

ATÉ O MOMENTO , para o agronegócio, a crise financeira global ainda é mais um risco do que uma realidade. O setor é um dos mais beneficiados pelo longo ciclo de expansão econômica mundial recente, que agora dá sinais de esgotamento. Mesmo com a chamada economia real já começando a emitir sinais preocupantes, o setor ainda foi relativamente poupado, o que justifica certo otimismo ainda verificado entre seus agentes.
De fato, os valores das commodities agrícolas ainda estão em patamares elevados, acima da média histórica. Mesmo com a queda recente no valor de alguns itens -como milho e soja-, ainda estão previstas, em 2009, receitas compensatórias com a safra que começa a ser semeada.
Os efeitos da crise, no entanto, exigem atenção e cuidados. A falta de crédito já atinge o segmento. As tradings, multinacionais que respondem em larga medida pela comercialização da safra e utilizam recursos captados no exterior, diminuíram suas linhas de financiamento.
Por outro lado, o volume dos depósitos em conta corrente nos bancos está em queda nos últimos meses, o que tem auxiliado na diminuição de recursos em outra ponta, a chamada "exigibilidade". Por este mecanismo, os bancos são obrigados a direcionar para o custeio e investimento agrícola uma parcela dos depósitos que captam dos seus clientes.
O estrangulamento no crédito levou o Banco do Brasil a antecipar emergencialmente R$ 5 bilhões do Plano de Safra de 2009.
Tudo isso traz incerteza para o setor, que, no entanto, ainda aposta na manutenção da alta demanda mundial. Além disso, a subida do dólar compensa parcialmente a recente pressão dos insumos e uma eventual queda nos valores. É da combinação desses fatores -demanda, preços das commodities e câmbio- que depende a saúde do agronegócio.


Texto Anterior: Editoriais: Quadro de mesmice
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: 2008 com olho de 2010
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.