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Cuidados no agronegócio
ATÉ O MOMENTO , para o
agronegócio, a crise financeira global ainda é mais
um risco do que uma realidade. O
setor é um dos mais beneficiados
pelo longo ciclo de expansão econômica mundial recente, que
agora dá sinais de esgotamento.
Mesmo com a chamada economia real já começando a emitir
sinais preocupantes, o setor ainda foi relativamente poupado, o
que justifica certo otimismo ainda verificado entre seus agentes.
De fato, os valores das commodities agrícolas ainda estão em
patamares elevados, acima da
média histórica. Mesmo com a
queda recente no valor de alguns
itens -como milho e soja-, ainda estão previstas, em 2009, receitas compensatórias com a safra que começa a ser semeada.
Os efeitos da crise, no entanto,
exigem atenção e cuidados. A falta de crédito já atinge o segmento. As tradings, multinacionais
que respondem em larga medida
pela comercialização da safra e
utilizam recursos captados no
exterior, diminuíram suas linhas
de financiamento.
Por outro lado, o volume dos
depósitos em conta corrente nos
bancos está em queda nos últimos meses, o que tem auxiliado
na diminuição de recursos em
outra ponta, a chamada "exigibilidade". Por este mecanismo, os
bancos são obrigados a direcionar para o custeio e investimento agrícola uma parcela dos depósitos que captam dos seus
clientes.
O estrangulamento no crédito
levou o Banco do Brasil a antecipar emergencialmente R$ 5 bilhões do Plano de Safra de 2009.
Tudo isso traz incerteza para o
setor, que, no entanto, ainda
aposta na manutenção da alta
demanda mundial. Além disso, a
subida do dólar compensa parcialmente a recente pressão dos
insumos e uma eventual queda
nos valores. É da combinação
desses fatores -demanda, preços das commodities e câmbio-
que depende a saúde do agronegócio.
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