São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Atentado no shopping
"Até a última quarta-feira, estávamos acostumados a ler, estarrecidos, notícias sobre os atos de violência que vêm ocorrendo na periferia das grandes cidades, nos presídios superlotados, na Febem. Sobre atos tresloucados, como o que lamentavelmente ocorreu no MorumbiShopping, líamos apenas nas seções internacionais dos jornais. Era algo distante, coisa de terroristas ou de veteranos do Vietnã.
Com o ato insano do estudante de medicina, parece que alcançamos o objetivo desejado: somos um país inserido na nova ordem mundial. É a globalização da loucura!"
Robinson Salerno Ricci (São Paulo, SP)

"Duas crianças baleadas numa padaria, uma delas na cabeça, em estado grave na UTI do Hospital Ermelino Matarazzo. Um estudante de medicina mata uma pessoa num shopping center. São duas pessoas, dois seres humanos. Apenas por que um dos crimes ocorreu na parte rica da cidade, merece ser manchete, enquanto o outro recebe algumas linhas na periferia do caderno Cotidiano? Onde está a democracia deste jornal?"
Anderson Borges Costa (São Paulo, SP)

OAB
"A carta do coronel Osvaldo de Barros Junior, do Policiamento de Choque da PM-SP ("Painel do Leitor", 2/11), merece algumas considerações. A OAB-SP não compartilha com nenhum tipo de violação a direitos e a restituição da ordem pública não pode ser feita a qualquer preço. Os noticiários sobre a crise da Febem evidenciaram policiais militares em confronto com os pais dos internos, dando uma pálida idéia da catástrofe que ocorreria se houvesse um choque direto com os internos. Excessos denunciados estão sendo apurados pela Promotoria da Infância e Juventude.
A OAB-SP reconhece os relevantes serviços prestados pela Polícia Militar, dentro do estrito cumprimento do art. 144 da Constituição, que define, no inciso IV, parágrafo 5º, a competência dos policiais militares na preservação da ordem pública. Por isso mesmo, reafirma não ser tarefa precípua dessa corporação engajar-se em uma missão de contenção e segurança dentro de uma instituição fechada, voltada à guarda e reeducação de crianças e adolescentes infratores.
Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, as tropas de choque das Polícias Militares não têm por finalidade enfrentar crianças e adolescentes. A decisão de colocar essa corporação no complexo Imigrantes da Febem foi uma incúria, que poderia gerar sinistros resultados pelas variantes incontroláveis contidas em um evento de tal natureza."
Rubens Approbato Machado, presidente da OAB-SP (São Paulo, SP)

Tapetão no futebol
"É uma humilhação para os brasileiros, entre os melhores do mundo no futebol, terem uma confederação como a CBF. O pior é que os cariocas têm orgulho dela. O Tribunal de Justiça Desportiva parece mais uns torcedores de times cariocas disfarçados de juízes. E dizem que há justiça. As diretorias dos times prejudicados por esses "torcedores" deveriam fazer uma nova liga de futebol: seria a melhor liga de futebol do mundo. É claro, sem times cariocas!"
Pedro Monteiro Machado de Almeida Penna (Areias, SP)

Aumento em silêncio
"Enquanto todos se voltam para as rebeliões da Febem, o preço da gasolina não pára de subir. Não me lembro de ter visto na imprensa uma só palavra a respeito."
Márcia Valentas Romera (São Paulo, SP)

Decisão do STF
"Lendo a reportagem "Decisão do STF é mais grave do que parece" (Brasil, 6/10), pode-se constatar a utilização de meias verdades para criticar uma das mais corajosas e acertadas decisões da mais alta corte de Justiça do país, que, em vez de ser analisada sob a ótica do próprio umbigo, deveria ser vista com isenção e orgulho pela obediência estrita da Constituição a despeito dos interesses particulares contrariados.
A obediência ao Estado de Direito, principalmente por aqueles ligados aos meios de comunicação, deve ter preponderância sobre os conflitos de interesses e cartórios envolvidos, correndo o risco de vermos a subversão da ordem pública sob o manto de termos desrespeitados os direitos e garantias individuais. Vale dizer que, se o governo entender que deve invadir a casa de qualquer cidadão porque é melhor para o povo, ninguém deve se insurgir pela gravidade das consequências para a nação!
Esquecem os especialistas que a contribuição é um tributo vinculado a uma finalidade direta, ou seja, eu contribuo para uma contraprestação futura. Como justificar uma contribuição para aposentadoria para quem já é aposentado?"
Paulo César de Souza, presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social (Brasília, DF)

Vaia
"Hilária a missiva do assessor Marcelo Pontes ("Painel do Leitor", 29/10). Só a Folha viu e registrou o ensaio de vaia ao ministro Pedro Malan porque é o veículo mais isento e confiável na análise da atual política."
Antônio Luiz Gomes (Jundiaí, SP)

Genéricos
"A experiência clínica individual de cada médico é fator determinante na hora da prescrição. A receita médica é um "documento de responsabilidade" que testemunha a "competência" do médico no conhecimento e tratamento da doença. O médico prescreve uma medicação usando seu "nome comercial" por conhecer os efeitos dessa combinação de substâncias. A substituição da medicação prescrita por outra com o mesmo "princípio ativo" -Lei dos Genéricos- transfere a responsabilidade da prescrição para quem? Quem vai se responsabilizar pelo paciente? A medicação prescrita pelo médico foi uma -que ele conhece e confia-, a vendida ao paciente foi outra com o mesmo "princípio ativo", mas que pode apresentar combinação com outros aditivos cujos efeitos o médico pode desconhecer e até não "querer" que ocorra nesse ou naquele paciente. E aí? Qual a receita para essa situação?"
Paulo José Tavares (Lauro de Freitas, BA)

Dori X Jobim
"Dori usa em vão o santo nome de Jobim para destilar velhos ressentimentos (Ilustrada, 3/11). Após ver o copião montado do meu filme "O Duelo", Tom Jobim gostou tanto que me cedeu (gratuitamente) os temas de sua música "Matita Perê". Por incrível coincidência, a música recém-composta era sobre o mesmo tema do filme. Como ia para os EUA (para gravar justamente o disco que leva a canção), convidou o Dori Caymmi para fazer os arranjos da trilha sonora. Tudo correu às maravilhas e ele fez um bonito trabalho, elogiado na época. A coisa azedou quando Dori quis assinar a trilha sozinho e assim registrá-la no antigo INC para concorrer aos prêmios do ano (1973). Não pude concordar e vejo que continua rabugento e ressentido com o fato 26 anos depois."
Paulo Thiago, cineasta (Rio de Janeiro, RJ)


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