|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Crescer: prioridade nacional
PASSADA a eleição, mãos à
obra. O Brasil já está muito
atrasado no seu crescimento.
Está ficando um gigante nanico.
Discutirei neste espaço, até o fim
do ano, algumas das mais urgentes
reformas estruturais. Não sou o
dono da verdade, só um simples cidadão que trabalha há 60 anos, tentando fazer este país progredir.
Começo pela reforma mais dura,
a da Previdência Social. O diagnóstico e a terapia estão plenamente
estabelecidos pelos técnicos. Uso
para este artigo os comentários do
excelente livro de Fábio Giambiagi
("Reforma da Previdência: o Encontro Marcado", 2007). Vou direto aos remédios, porque as causas são conhecidas. São remédios
amargos, que impõem sacrifícios
nos dias de hoje para garantir dias
melhores amanhã.
Giambiagi defende que os remédios devam ser ministrados de forma gradual e contínua ao longo de
muito tempo. O resultado virá daqui a uns 15 ou 20 anos. Se eles tivessem sido administrados em
1990, já estaríamos com os principais problemas resolvidos. Entre
as principais medidas, destaco:
1. Mudar a Constituição Federal
de modo a assegurar que os valores
dos benefícios e pensões sejam reajustados anualmente por um índice de inflação, mas nunca acima
dele, porque não há dinheiro para
pagar. Não se trata de diminuir ou
aumentar valores, mas, sim, de
preservar o seu poder de compra;
2. Adotar a idade mínima para aposentadoria por tempo de serviço de
60 anos para homens e 55 para mulheres em 2010 e elevar essa idade
gradativamente até 64 anos aos homens e 62 às mulheres em 2026;
3. Fixar em 40 anos o tempo mínimo
de contribuição para todos os entrantes no sistema previdenciário;
4. Reduzir gradualmente a diferença de tempo entre homens e mulheres para fins de aposentadoria
(hoje são cinco anos a menos para
mulheres); 5. Terminar, até 2010,
com o regime especial dos professores, que hoje se aposentam cinco
anos mais cedo; 6. Terminar, até
2022, com o regime especial dos
benefícios rurais.
O caro leitor deve estar incomodado. De fato, há uma imensidão de
argumentos contra essas medidas.
Giambiagi responde um a um e deixa claro que o Brasil não terá futuro se permanecer com o crescente
déficit público, cuja principal causa
é o desequilíbrio na Previdência.
Mas isso já é parte da discussão
do diagnóstico de consenso que
pretendo evitar. O que se impõe,
agora, é a liderança firme do governo para explicar à nação a importância crucial dessa reforma. Chegou a hora da verdade. Boas intenções e oferta de benesses são justificáveis só quando se tem recursos
para pagá-las. Do contrário, são
promessas feitas ao vento!
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: "Um Filme É para Sempre" Próximo Texto: Frases
Índice
|