|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ELIANE CANTANHÊDE
Falta de educação
BRASÍLIA - Ao declarar como prioridades a saúde, o combate à violência e a infraestrutura, a presidente eleita Dilma Rousseff deixou
a educação em segundo plano, justificando na entrevista de quarta:
"Eu considero que a educação está
muito bem encaminhada".
É surpreendente em si, mas ficou
mais ainda no dia seguinte (ontem), quando a ONU anunciou o
IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano de 2010). O Brasil é um
dos dez países mais ricos do mundo, mas está em 73º lugar no IDH,
entre 169 países. E o calcanhar de
aquiles é justamente a educação.
Apesar de estar na categoria "alta" e com nota superior à mundial,
o emergente Brasil tirou 0,699 e ficou abaixo da média da América
Latina, que foi de 0,704. O Chile
(45º lugar) e a Argentina (46º) foram os dois mais bem colocados da
região, mas o Brasil também ficou
atrás de Uruguai, Panamá, México,
Trinidad e Tobago, Costa Rica e Peru. Está no nono lugar.
Como houve mudança de metodologia, não dá para comparar com
o ano passado. E que nos perdoe o
indiano Amartya Sen, Nobel de
Economia e idealizador do ranking,
mas toda pesquisa e todo indicador
sempre dão margem para questionamentos, muxoxos, desdém.
Assim, a reação e o efeito do IDH
dependem da ótica dos governos de
plantão, principalmente quando
são daqueles bons de marketing.
Quando o resultado é a favor, copo
cheio: o índice é perfeito. Se é contra, copo vazio: não vale nada.
Mas, já que Dilma está definindo
nomes, programas e rumos para
seu governo, deve estudar detalhadamente o IDH. Quem sabe assim
não recoloca a educação ao lado de
saúde, violência e infraestrutura?
A não ser que ela e Lula prefiram
deixar o IDH pra lá e se fixar num
outro ranking: o da revista "Forbes", que coloca Dilma em 16º lugar
entre as pessoas mais influentes do
mundo, à frente mesmo de Hillary
Clinton e de Nicolas Sarkozy. E ela
nem tomou posse ainda!
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Sob nova direção Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Sem limites Índice | Comunicar Erros
|