São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2001 |
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O responsável pela greve nas universidades
IVAN VALENTE e ROBERTO ROMANO
O Ministério da Educação segue a mesma orientação (do FMI) que preside as ações do Planejamento e da Fazenda. Quando houve uma possibilidade real do fim da greve, com base num acordo -costurado sempre com a intervenção do Parlamento, a partir de uma proposta fechada, com a presença da imprensa- em que seriam alocados no Orçamento do ministério mais R$ 363 milhões, o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo, retirou a garantia de alocação dos R$ 250 milhões que o próprio Executivo havia firmado inicialmente. Destaquemos a truculência e a provocação imprudentes como signos dos atos governamentais. Quando a greve atingia o segundo mês e as negociações começavam a caminhar, o executivo suspendeu o pagamento dos grevistas, colhendo por sua atitude provocadora maior unidade da categoria, fortalecendo a greve. A truculência do governo e seu alvo de derrotar os docentes culminam com a atitude de desacatar as decisões da Justiça e a edição do pacotaço antigreve. É inaceitável que, num momento em que um acordo está em vias de se concluir, o próprio ministério, que deveria estar à frente da busca de saídas para o impasse e de gestões efetivas para viabilizar o funcionamento da universidade pública com qualidade, passe a distribuir as ameaças aos reitores para torná-los capatazes dos seus próprios pares, seguindo decisões contrárias às ordens judiciais. O Executivo enviou à Câmara o projeto de lei que representa um brutal retrocesso em relação ao que as negociações já haviam avançado, tanto no que se refere ao volume de verbas a ser alocado no Orçamento quanto no tocante à incidência dessas nos salários dos professores. A insistência no desgaste das universidades e a truculência governamental aprofundam o impasse. O presidente da República discursa sobre direitos em Paris e finge que o problema não é dele. Para a educação e a sociedade brasileiras, a luta dos docentes é de grande relevância, pois mantém a tese democrática da universidade pública, gratuita e de qualidade. A intervenção do Parlamento e a solidariedade de todos os segmentos sociais organizados são absolutamente necessárias. Ivan Valente, 55, deputado federal (PT-SP), é membro da Comissão de Educação da Câmara. Roberto Romano, 55, é professor titular de ética e de filosofia política da Unicamp. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Rubem Alves: Gaiolas e asas Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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