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INCERTEZA PROLONGADA
Um quadro de elevada incerteza e alta aversão ao risco continua a predominar na economia internacional. Isso mantém o acesso
de empresas brasileiras ao crédito
externo bastante difícil e constitui a
principal razão de a cotação do dólar
seguir pressionada no Brasil.
As tensões internacionais são contrastantes. Na Europa, o problema é
a dificuldade para retomar um crescimento mais robusto. O PIB dos 12
países que compõem a zona do euro
cresceu a um ritmo anualizado de
apenas 0,8% no terceiro trimestre
deste ano -taxa idêntica à que a Comissão Européia projeta para o ano
de 2002. O desemprego na Alemanha chegou, em novembro, ao nível
mais alto dos últimos cinco anos.
Cresceram as pressões para que o
Banco Central Europeu abrande a
sua obsessão antiinflacionária e corte os juros em sua reunião de hoje.
Já nos EUA a situação é mais cômoda no curto prazo. O país consegue
sustentar um dinamismo razoável.
Mas está claro que essa performance
tem se devido a políticas muito
agressivas de corte da taxa de juros e
de aumento do déficit público.
O crescimento dos EUA vem sendo
induzido pela política econômica,
que busca compensar a retração do
investimento privado e evitar que fatores como a queda expressiva nas
Bolsas levem os consumidores a
uma atitude muito cautelosa. É numa eventual retração abrupta do consumo, responsável por dois terços
do PIB dos EUA, que reside o risco de
novo mergulho recessivo na "locomotiva" da economia global.
As perspectivas do Brasil neste final
de ano e no próximo dependem de
maneira crítica da evolução do quadro internacional. Em particular a
trajetória da cotação do dólar será
função, em larga medida, do grau e
da velocidade de uma eventual retomada do acesso ao crédito externo.
A aversão ao risco dos investidores
internacionais se mantém excepcionalmente alta desde meados deste
ano. Para que o crédito externo volte,
será necessário que essa aversão reflua. Mas são grandes os riscos de
que não ocorra aceleração do crescimento das economias ricas e de que
os investidores continuem muito
cautelosos. Nessa hipótese, serão
agravadas as dificuldades, no Brasil,
para controlar a inflação e preservar
algum crescimento.
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