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INFLAÇÃO E RETOMADA
A inflação encontra-se bastante bem-comportada, e uma
das principais razões para isso é a debilidade da demanda interna. Desde
maio, quando a taxa de juros básica,
a Selic, se encontrava em elevadíssimos 26,5%, a avaliação de que a retração da renda e do consumo tenderiam a manter os índices de preços
sob controle já aparecia em análises
econômicas. Imaginava-se, naquela
época, que nos meses finais do ano o
quadro precisaria ser matizado: alguns supunham que já estaria em
curso uma nítida retomada da demanda interna, que poderia gerar alguma pressão inflacionária.
Não é o que se está verificando de
acordo com indicadores divulgados
nos últimos dias. Por exemplo, o Índice de Preços ao Consumidor da cidade de São Paulo, calculado pela
Fundação Getúlio Vargas, apurou
em novembro inflação de apenas
0,05%. Se não tivesse ocorrido um
aumento de 68% no custo da loteria,
haveria deflação de 0,10%. Também
o IPC-Fipe apresentou alta de apenas
0,27% em novembro, abaixo do que
se esperava há algumas semanas.
Ao lado disso, pesquisas ainda
apontam desgaste do poder de compra dos trabalhadores e vendas ainda
fracas no comércio, a despeito de um
reaquecimento incipiente em ramos
específicos, especialmente no de
bens de consumo duráveis.
Parecem estimular essa recuperação a redução da taxa básica de juros,
que favoreceu o início de uma reativação das operações de crédito (após
prolongado período de contração), e
medidas de política econômica de alcance pontual, como a redução do
IPI sobre os automóveis. A prorrogação até fevereiro dessa medida -que
deveria ter sido extinta no fim de novembro- denota que as autoridades, apesar de alguns sinais positivos
recentes, como a melhoria nos investimentos, reconheceram implicitamente a debilidade da retomada da
atividade econômica em curso.
Parece claro que, para reforçar a
confiança num robustecimento da
recuperação, será preciso reduzir
mais os juros. O bom comportamento da inflação e o fraco consumo
atestam que novos cortes são não
apenas factíveis como imperiosos.
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