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CARLOS HEITOR CONY
Pra frente, Brasil
RIO DE JANEIRO - Impossível
não comentar o primeiro escândalo
do ano. Não tenho condições para
analisar o pacote baixado na última
quarta-feira, aumentando impostos para cobrir a arrecadação da
CPMF, que não foi prorrogada. Nada entendo de economia e de tributação, dou de barato que as medidas
tomadas são necessárias e em proporção adequada.
Contudo não preciso entender de
números e verbas para lamentar a
flagrante quebra de credibilidade
do presidente da República. No
mesmo momento em que o governo enfrentou sua pior derrota política, sem conseguir a prorrogação
de um imposto que, por natureza,
era provisório, Lula garantiu que
não haveria aumento de impostos e
que não baixaria pacotes, recurso
que atribuiu a regimes totalitários.
Três semanas depois, baixou pacote e aumentou tributos. A desculpa esfarrapada que seu ministro da
Fazenda arranjou foi cínica. A promessa só valia para os dias que faltavam para 2007 terminar. Ano novo, vida e impostos novos e a velha
mania de baixar pacotes.
A ênfase com que o presidente
negou as novas medidas foi a mesma que garantiu sua ignorância dos
recentes escândalos, principalmente do mensalão. Ele não sabia de nada. Nem ficou sabendo, apesar da
gritaria nacional, que ainda não
acabou.
Outra afirmação habitual do presidente é que ele não será candidato
a um possível terceiro mandato.
Que não é hora para emendas constitucionais. Que não moverá um dedo para ficar no poder. Nem que o
mundo caia sobre ele.
Poderá alegar que a afirmação foi
feita para o ano velho, para uma
realidade extinta. Estamos em
2008, as exigências da continuidade administrativa superam os escrúpulos de uma Constituição feita
no século passado, em 1988. Para a
frente é que o Brasil deve andar.
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