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PAZ RELATIVA
Depois de ter sido pressionado de
diversas formas pelos partidos que o
apóiam no Congresso, o que o levou
a rever por mais de uma vez sua estratégia para aprovar a emenda que
prevê o direito à reeleição para o Executivo, Fernando Henrique Cardoso
conseguiu ontem fechar a série de vitórias de que precisava para reorganizar sua base parlamentar.
A eleição do deputado Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência
da Câmara, além de proporcionar
um provisório apaziguamento entre
PFL e PMDB, garante a FHC uma significativa influência sobre a Casa.
Mais do que um aliado, Temer mostrou-se, durante as intrincadas negociações políticas das últimas semanas, um dos mais ferrenhos defensores dos interesses do Executivo.
Para o presidente da República, o
peemedebista era sem dúvida o candidato mais adequado entre os três
que disputavam o cargo. Se ficasse
ausente da presidência das duas Casas do Congresso, o PMDB poderia
reagir contra o Palácio do Planalto e
comprometer a aprovação da emenda da reeleição nas suas próximas
etapas -segundo turno na Câmara e
duas votações no Senado.
Fernando Henrique Cardoso une
assim dois fatores positivos para esta
segunda metade de seu mandato:
tem a perspectiva do direito de disputar a reeleição e conta com o apoio
(ao menos formal) das presidências
do Congresso. Trata-se de um quadro em princípio confortável, com o
qual poucos chefes de governo brasileiros chegaram a contar.
Fica uma grande interrogação
quanto à independência que o Parlamento conseguirá impor diante de
um Executivo fortalecido. Os debates
decorrentes das disputas na Câmara
e no Senado pecaram por não terem
privilegiado temas realmente relevantes, como o ritmo de aprovação
das reformas do Estado ou o comportamento do Legislativo federal
diante da avalanche de medidas provisórias imposta por FHC.
No Senado, Antonio Carlos Magalhães ainda é uma incógnita. Mas Michel Temer, exceto diante de um
grande imprevisto político, deverá
manter-se aliado ao governo. Se para
o presidente essa paz relativa é inicialmente satisfatória, seus efeitos
para o país ainda são imprevisíveis.
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