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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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TENSÃO REALIMENTADA

Chega a ser exasperante a inabilidade política do presidente Hugo Chávez. Ainda que o mandatário venezuelano tenha obtido uma vitória parcial sobre a oposição, que desistiu de prosseguir com uma greve geral que já durava pouco mais de dois meses, Chávez foi longe demais ao tripudiar sobre seus adversários em vez de acenar com o diálogo e com a reconciliação.
A Venezuela continua caminhando muito perto da ruptura institucional. O próprio presidente já foi vítima de uma tentativa de golpe de Estado, em abril, que o manteve afastado do poder por 47 horas. E a greve geral que agora vai se encerrando tinha o objetivo de obter sua renúncia.
Assim, mesmo que Chávez tenha a legalidade a seu lado, é certo que ele enfrenta enormes dificuldades políticas. E não parece querer diminuí-las quando dá mostras de intransigência ao lidar com seus adversários, que representam uma parcela expressiva da população venezuelana, principalmente da classe média.
Mais do que isso: ao desprezar a negociação, o presidente se indispõe com o Grupo de Amigos da Venezuela, a força-tarefa composta por seis países (Brasil, EUA, México, Chile, Espanha e Portugal) cuja missão é encontrar uma saída política para o impasse entre chavistas e antichavistas. Vale lembrar que a constituição do Grupo de Amigos foi uma boa notícia para o presidente. Na verdade, o Grupo era originalmente uma proposta do próprio Chávez, que foi encampada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e, depois, transformada em iniciativa internacional.
O fato de a greve estar arrefecendo está longe de significar que o impasse político foi resolvido. Chávez ainda precisará do auxílio do Grupo e, mais importante, precisará negociar com seus adversários. Não é hora, portanto, de optar pela intransigência. O Brasil, como coordenador do Grupo, deveria pressionar mais o presidente Hugo Chávez para fazê-lo ver que o caminho do diálogo, ainda que difícil, é o menos traumático para os venezuelanos.


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