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TENSÃO REALIMENTADA
Chega a ser exasperante a inabilidade política do presidente
Hugo Chávez. Ainda que o mandatário venezuelano tenha obtido uma vitória parcial sobre a oposição, que
desistiu de prosseguir com uma greve geral que já durava pouco mais de
dois meses, Chávez foi longe demais
ao tripudiar sobre seus adversários
em vez de acenar com o diálogo e
com a reconciliação.
A Venezuela continua caminhando
muito perto da ruptura institucional.
O próprio presidente já foi vítima de
uma tentativa de golpe de Estado, em
abril, que o manteve afastado do poder por 47 horas. E a greve geral que
agora vai se encerrando tinha o objetivo de obter sua renúncia.
Assim, mesmo que Chávez tenha a
legalidade a seu lado, é certo que ele
enfrenta enormes dificuldades políticas. E não parece querer diminuí-las
quando dá mostras de intransigência ao lidar com seus adversários,
que representam uma parcela expressiva da população venezuelana,
principalmente da classe média.
Mais do que isso: ao desprezar a
negociação, o presidente se indispõe
com o Grupo de Amigos da Venezuela, a força-tarefa composta por
seis países (Brasil, EUA, México,
Chile, Espanha e Portugal) cuja missão é encontrar uma saída política
para o impasse entre chavistas e antichavistas. Vale lembrar que a constituição do Grupo de Amigos foi uma
boa notícia para o presidente. Na verdade, o Grupo era originalmente
uma proposta do próprio Chávez,
que foi encampada pelo presidente
do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e,
depois, transformada em iniciativa
internacional.
O fato de a greve estar arrefecendo
está longe de significar que o impasse político foi resolvido. Chávez ainda precisará do auxílio do Grupo e,
mais importante, precisará negociar
com seus adversários. Não é hora,
portanto, de optar pela intransigência. O Brasil, como coordenador do
Grupo, deveria pressionar mais o
presidente Hugo Chávez para fazê-lo
ver que o caminho do diálogo, ainda
que difícil, é o menos traumático para os venezuelanos.
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