São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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ALÍVIO NA INFLAÇÃO

O debate a respeito do nível adequado para a taxa de juros de curto prazo (Selic) voltou à cena com o resultado final de janeiro do índice de preços ao consumidor (IPC) apurado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A alta mensal de preços verificada, de 0,65%, embora superior à de dezembro (0,42%), ficou abaixo das projeções mais otimistas. Além disso, os aumentos se concentraram num número reduzido de itens, levando a Fipe a atribuir a aceleração da inflação verificada no mês essencialmente a fatores sazonais -tipicamente transitórios.
Um dos principais argumentos apresentados pelo Banco Central (BC) para justificar sua decisão de interromper a redução da taxa Selic em janeiro foi justamente o receio de que os aumentos de preços poderiam estar se generalizando pela economia. O resultado do IPC-Fipe contraria essa previsão e reforça os argumentos daqueles que consideraram excessivamente cautelosa a opção da autoridade monetária pela manutenção da taxa básica de juros nos atuais 16,5%.
Depois da interrupção do corte da Selic e da divulgação da justificativa do BC, as expectativas em relação ao comportamento da inflação se tornaram -paradoxalmente- mais pessimistas. Nesse ambiente, passou a predominar entre os analistas a convicção de que os cortes de juros não seriam retomados em fevereiro e talvez nem mesmo em março. Mais do que isso, número crescente de analistas passou a endossar o extremo conservadorismo do BC.
Os números recém-divulgados pela Fipe colocam essa posição em xeque, ao sugerir claramente que poderá haver margem para retomar o corte de juros, sem colocar em risco o cumprimento da meta de inflação, já no dia 18 deste mês -quando o Comitê de Política Monetária do BC voltará a deliberar a respeito da taxa Selic. Resta saber como o BC reagirá a essas novas informações. Espera-se que sua diretoria revele maturidade para reexaminar a decisão de janeiro, sob pena de inibir a retomada da atividade econômica.


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