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CARGA INSUPORTÁVEL
Representantes da área econômica procuraram contestar
estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário dando conta
de que empresas e pessoas físicas pagaram mais impostos no ano passado do que em 2002. A informação
contraria renovadas previsões do ministro da Fazenda de que a carga tributária cairia em 2003.
Argumenta-se, para rejeitar os números apresentados, que é necessário aguardar a divulgação do valor do
PIB em reais -o que deve ocorrer no
final do mês. Alega-se, além disso,
que o conceito de carga tributária deve ser considerado com cautela, pois
poderia, por exemplo, embutir pagamentos de impostos atrasados, o
que não corresponderia a uma maior
"pressão fiscal".
Ainda que essas ponderações devam ser levadas em conta, os autores
do estudo asseguram que o aumento
ocorrerá de qualquer forma, sejam
quais forem os novos dados relativos
ao PIB. Prevêem ainda, em consonância com outros analistas, que os
contribuintes em 2004 novamente
pagarão mais impostos do que no
ano anterior. Ou seja, a carga tributária, que no decênio 1994-2003 subiu
de 25% para 36% do PIB, continuará
ascendente.
Independentemente das minúcias
técnicas, ninguém tem dúvida de que
o país, apesar da "reforma" promovida pelo atual governo, conta com
um sistema tributário complexo e de
má qualidade, cujas distorções conspiram contra o desempenho da produção e do emprego. É sintomático
que a informalidade atinja proporções inquietantes e que microempresários, beneficiados por simplificações, cheguem a temer que seus empreendimentos prosperem, pois isso
os obrigaria a ingressar no inferno
tributário em vigor.
Têm contribuído para esse cenário
de agravamento dos impostos o elevado endividamento público e o padrão de baixo crescimento da economia, cujas crises, nos últimos anos,
produziram seguidos pacotes de cortes de despesas e aumentos de tributos. Esse quadro também ajuda a explicar os motivos pelos quais os ataques ao bolso dos contribuintes não
têm produzido, em contrapartida,
melhorias palpáveis na eficiência dos
serviços públicos.
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