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Mal menor
A
VITÓRIA de Alan García no
segundo turno das eleições presidenciais peruanas é o triunfo do "mal menor".
Essa observação pode soar chocante aos que têm na memória o
desastre que foi a sua primeira
Presidência, entre 1985 e 1990.
Daquela vez, García recebeu
um país cheio de problemas, mas
o devolveu em frangalhos, com
hiperinflação, violência terrorista promovida pelo Sendero Luminoso e muita corrupção.
Só que a alternativa ao ex-presidente parecia ainda mais temível. Quem disputou o escrutínio
final com García foi Ollanta Humala, ex-militar que já participou de uma quartelada e que tinha como únicas credenciais um
discurso nacionalista histriônico
e o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Prometia
proibir companhias estrangeiras
de atuar em setores "estratégicos" e falava em industrializar a
produção de folhas de coca.
Muitos acusavam Humala de
esconder suas verdadeiras posições, que seriam tão radicais
quanto as do resto de sua família.
O pai e o irmão militam num partido que pretende refundar o império inca, numa democracia exclusiva para índios e "mestizos".
Embora García permaneça um
líder populista, não há razões para acreditar que ele não aprendeu nada com os erros de sua primeira passagem pela Presidência. Governará um país em melhor situação: desde 2002, a economia cresce à média anual de
5%. O Sendero Luminoso está
moribundo, após suas principais
lideranças terem sido presas.
Do lado das dificuldades, García não tem maioria legislativa;
das 120 cadeiras do Congresso,
45 estão com o partido de Humala -o Apra do presidente eleito
tem 36. Seu maior problema, porém, é o de encontrar formas para reduzir a pobreza, que no Peru
atinge metade da população. Terá em seu encalço um Humala
fortalecido liderando a oposição.
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