São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Editoriais

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Moinhos de vento na USP

A COSSADA POR movimentos políticos munidos de carros de som e bastante tempo ocioso, a Universidade de São Paulo passa por uma nova rodada de protestos e greves.
Nesta semana, a polícia foi chamada duas vezes para impedir o bloqueio de unidades no campus paulistano, uma delas a própria reitoria. A PM afirmou que o policiamento vai continuar enquanto durarem os piquetes.
A associação dos docentes da USP julgou a medida "intimidadora", "autoritária" e uma "ameaça à comunidade universitária". Contra ela, reuniram-se 120 membros, que decidiram pela greve, juntando-se a parte dos funcionários e dos alunos. A universidade tem 9.000 docentes.
É de perguntar se os termos escolhidos pela Adusp não qualificam, com mais propriedade, a atuação da própria entidade e de outras associações universitárias, permeadas por sindicatos e partidos políticos de exígua expressão fora dos campi.
O estatuto da USP determina que cabe ao reitor exercer o poder disciplinar. A invasão da reitoria em 2007, que durou 50 dias devido à falta de pulso da direção, parece ter dado a essa minoria truculenta a sensação de que tudo ali é permitido.
Se é preciso chamar a polícia para conter a barafunda que pressupõe depredação de patrimônio público e lesão ao funcionamento da instituição, que seja chamada. A USP funciona com verbas provenientes de impostos pagos por toda a sociedade. Não é um mundo à parte.
Desta vez manifestantes também atacam a abertura de cursos a distância pela instituição. Traduzida, esta reivindicação equivale a tentar impedir que mais estudantes, com renda abaixo da média dos alunos da universidade, possam desfrutar dos serviços educacionais da USP.
O paroxismo mostra a que ponto desceram as agremiações uspianas em seus arranques alucinados contra moinhos de vento. Alenta saber que a imensa maioria da comunidade universitária simplesmente as ignora.


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