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Moinhos de vento na USP
A COSSADA POR movimentos
políticos munidos de carros de som e bastante
tempo ocioso, a Universidade de
São Paulo passa por uma nova
rodada de protestos e greves.
Nesta semana, a polícia foi chamada duas vezes para impedir o
bloqueio de unidades no campus
paulistano, uma delas a própria
reitoria. A PM afirmou que o policiamento vai continuar enquanto durarem os piquetes.
A associação dos docentes da
USP julgou a medida "intimidadora", "autoritária" e uma
"ameaça à comunidade universitária". Contra ela, reuniram-se
120 membros, que decidiram pela greve, juntando-se a parte dos
funcionários e dos alunos. A universidade tem 9.000 docentes.
É de perguntar se os termos escolhidos pela Adusp não qualificam, com mais propriedade, a
atuação da própria entidade e de
outras associações universitárias, permeadas por sindicatos e
partidos políticos de exígua expressão fora dos campi.
O estatuto da USP determina
que cabe ao reitor exercer o poder disciplinar. A invasão da reitoria em 2007, que durou 50 dias
devido à falta de pulso da direção, parece ter dado a essa minoria truculenta a sensação de que
tudo ali é permitido.
Se é preciso chamar a polícia
para conter a barafunda que
pressupõe depredação de patrimônio público e lesão ao funcionamento da instituição, que seja
chamada. A USP funciona com
verbas provenientes de impostos
pagos por toda a sociedade. Não é
um mundo à parte.
Desta vez manifestantes também atacam a abertura de cursos
a distância pela instituição. Traduzida, esta reivindicação equivale a tentar impedir que mais
estudantes, com renda abaixo da
média dos alunos da universidade, possam desfrutar dos serviços educacionais da USP.
O paroxismo mostra a que
ponto desceram as agremiações
uspianas em seus arranques alucinados contra moinhos de vento. Alenta saber que a imensa
maioria da comunidade universitária simplesmente as ignora.
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