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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Alvo maior
"A situação fundiária brasileira, pretexto para um perigoso conflito que ocorre não de hoje no interior do país e cujo alvo maior são as instituições democráticas nacionais, é tão ridícula quanto as soluções costumeiras que ao problema costumamos ver aplicadas. Não devemos ter olhos apenas para a desapropriação como ferramenta para a solução dessa repugnante injustiça. A vista mais correta é aquela direcionada ao poder fiscal do Estado por intermédio do Imposto Territorial Rural (ITR), o qual, se recuperado do descrédito institucional e se adotada a sua progressividade, poderia se tornar ferramenta de indução à reforma agrária privada, bem como servir para manter a ordem eventualmente alcançada. Despender dinheiro público para desapropriar terra improdutiva é premiar os malfeitores sociais. Quem não produz deve ser onerado a ponto de ser motivado a produzir ou a fragmentar a sua terra, e não ser premiado com a desapropriação."
Gustavo Vieira de Oliveira (São Paulo, SP)
 
"Não adianta fingirmos que não existem movimentos sociais no Brasil. Existem, além do MST, movimentos dos sem-teto, dos sem-educação etc. A mídia tenta demonizar o MST como se fosse uma baderna. Movimentos surgem, obviamente, quando um país não cumpre o seu papel social. Por volta de 1850, oligarquias ainda recebiam terras do Estado, o que contrastava com a escravidão e a pobreza. Hoje vemos as consequências disso. Quanto mais cedo o Estado cumprir com o seu papel, melhor, pois as oligarquias ainda querem privilégios."
Alexandre Motta (Franca, SP)
 
"O presidente Lula deveria colocar também o boné dos cidadãos que pagam impostos, que os pagaram a vida toda (e que deveriam ser restituídos na aposentadoria) e que sustentam a nação, pois, querendo ou não, ele representa um país que tem leis -que seriam justas se fossem para todos."
Caio P. Silva (São Paulo, SP)
 
"É de fazer corar qualquer pessoa decente a insensatez do senhor Jorge Bornhausen e dos demais líderes de oposição pelas críticas ridículas feitas ao governo. Se o presidente Lula tivesse colocado na cabeça um boné da UDR, certamente ganharia aplausos."
Ednir de Lima (Apucarana, PR)
 
"O ministro da Reforma Agrária disse em sua última declaração: "Não terão espaço esses aventureiros irresponsáveis que buscam ampliar o padrão de violência no campo no marco da absoluta ilegalidade". Tal declaração seria perfeita se fossem os aventureiros os sem-terra, e não os fazendeiros. Quem está na ilegalidade são os sem-terra. E são eles que provocam a violência. Os fazendeiros estão usando a prerrogativa de autodefesa, prevista na Constituição. Não mataram, não feriram ninguém nem destruíram coisas (e os sem-terra?). Pagam impostos e entram na Justiça para resolver as disputas (isso não é legalidade?). O governo é que não faz nada para conter a violência. Tempo insuficiente para isso? Não, o governo já está aí há seis meses."
Maria Clara Staffern (Maringá, PR)

Mocinhos e bandidos
"Sou contra o desarmamento dos homens honestos. Devemos exigir o cumprimento das leis existentes e o desarmamento dos bandidos. Quem defende o desarmamento civil defende os bandidos."
José Luiz de Sanctis (São Paulo, SP)
 
"Compartilho da opinião da colunista Barbara Gancia manifestada em seus artigos a respeito do porte de armas. Podem-se contar nos dedos as pessoas que possuem armas de fogo e têm um alto controle de suas emoções. O que se percebe na maioria dessas pessoas é uma incrível natureza "psicobiológica" voltada para a violência. Pelo perfil dessas pessoas, nota-se que, além de serem reacionárias, têm um "apetite voraz" por sangue, daí a necessidade de se armarem, tendo como (falsa) justificativa a necessidade de se protegerem contra a violência. Numa época em que nos deleitamos em assistir às superficialidades grosseiras mostradas na TV, é natural que optemos por soluções já prontas e mastigadas para combater as barbáries deste país."
Mateus Beleza Rocha (Belo Horizonte, MG)

Injustos e rudes
"O senhor Otavio Frias Filho, em sua crônica intitulada "Presidente deslumbrado" (Opinião, pág. A2, 3/7), foi rude e injusto ao qualificar o general Figueiredo, ex-presidente da República, de "inepto, inábil, bronco e boçal". O referido militar sempre foi aluno destacado por sua capacidade e disciplina desde os tempos de Colégio Militar. Na caserna, sempre demonstrou aptidão e habilidade nas difíceis tarefas que exerceu. Como chefe do Estado brasileiro, soube enfrentar com galhardia a sanha revanchista da esquerda anarquista. Portanto os qualificativos acima são injustos e rudes."
Victor Leonardo da Silva Chaves, coronel médico da Aeronáutica (Rio de Janeiro, RJ)

Se for homem
"O presidente dos EUA declarou recentemente que "há alguns que sentem que as condições são tais que podem nos atacar lá. Minha resposta é: venham. Temos a força necessária para lidar com a situação". Só faltou cuspir no chão e mandar o inimigo "passar o pé em cima se for bem homem". Dá para acreditar que alguém tão grotesco e medíocre seja o homem que detenha o maior poder do mundo? Com essas declarações, o presidente deixou estarrecidos antigos combatentes americanos. Não poderia ser diferente!"
João Carlos Macluf (São Paulo, SP)

Democracia
"O político José Genoino poderia ter poupado os leitores da Folha das bobagens que escreveu no dia 30/6 ("O PT e a democracia partidária", "Tendências/Debates", pág. A3). Acho que todos os políticos do PT que esqueceram o que defendiam é que são os incoerentes, pois não acreditam na possibilidade de combinar ética com política."
Felipe Silva (São Carlos, SP)

Reforma
"A posição dos governadores em relação à reforma tributária significa um ataque ao direito constitucional à saúde, pois: 1. está sendo reivindicada a transferência de parte dos recursos da CPMF para a segurança pública; 2. está sendo reivindicada a transferência de parte dos recursos da CPMF para Estados e municípios, mas a CPMF é fonte importante de financiamento da saúde e 50% do financiamento do SUS é feito pela União -enquanto 25% são realizados pelos Estados e 25% pelos municípios. Assim, já há repasse da União para Estados e municípios; 3. está sendo reivindicada a desvinculação de 20% de recursos do orçamento, o que significará uma diminuição dos gastos obrigatórios com a saúde. Tudo isso num cenário em que o gasto público com saúde no Brasil é muito baixo -menor do que US$ 100 per capita por ano. Basta ver que o governo do Estado de São Paulo não reajusta o salário dos profissionais de saúde há mais de oito anos, que a Secretaria Estadual de Saúde tem atrasado o cumprimento de contratos com empresas terceirizadas e que tem havido restrição na oferta de medicamentos do programa Dose Certa."
Eurípedes Balsanufo Carvalho
(São Paulo, SP)



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