São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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MILITARES NA PENÚRIA

É preocupante a situação de constrangimento orçamentário a que chegaram as Forças Armadas brasileiras. Reportagem publicada ontem mostra que militares e seus familiares estão prestando outros serviços para complementar o soldo.
No conjunto habitacional do Exército Promorar, em Deodoro, no Rio de Janeiro, é possível encontrar militares de baixa patente que, fora de serviço, vendem caldo de cana, pastéis e espetinhos de frango.
Além disso, conscritos estão sendo dispensados, pois o Exército não tem como alojá-los e alimentá-los. Surgem relatos de falta querosene para caças e óleo diesel para fragatas.
As Forças Armadas são de suma importância para um país como o Brasil. Por outro lado, é impossível deixar de levar em consideração a carência de recursos que afeta todas as áreas, incluindo saúde e educação.
A crer na prestigiosa publicação "The Military Balance 2001/2002", do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, tem havido até aumento nos gastos "per capita" do Brasil com a defesa. Em 1985, ainda durante o regime militar, o país gastou US$ 42 por habitante com as Forças Armadas. Em 2000, foram US$ 103 (aí incluídas as despesas com inativos). Esse montante é comparável ao de outros países latino-americanos, como a Argentina (US$ 125) ou o Chile (US$ 190), que têm populações sensivelmente menores.
Sem prejuízo de desejáveis aumentos nas verbas destinadas a aparelhá-las, é preciso que as Forças Armadas procurem gastar melhor os recursos de que já dispõem. Ampliar a profissionalização da tropa é uma medida óbvia. Também seria importante realocar pessoal. Há excesso de soldados no Rio de Janeiro e nos Estados do Sul em detrimento de grandes vazios na Amazônia. Há também gente demais em atividades burocráticas. Doutrinariamente, o caminho é a modernização. Forças de reação rápida bem treinadas e equipadas devem substituir os grandes contingentes de infantaria.



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