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CARLOS HEITOR CONY
Gostei
RIO DE JANEIRO - Não tive suficiente saco para assistir até o fim. Mas gostei dos dois primeiros blocos do debate entre os presidenciáveis na Bandeirantes. Gostei sobretudo da Márcia
Peltier, classuda, isenta -nos tempos em que era âncora da Manchete,
ela volta e meia derrapava, cortava a
entrevista, mas sempre com aquele
jeitinho doce-, grande Márcia.
Márcia para presidente!
Quanto aos candidatos, em parte
seguiram o exemplo de Márcia. Estão
mais classudos, procuram a cordialidade, chamam-se uns aos outros com
intimidade, até mesmo com um pouco de afeto -o que é salutar e bonito
de ver.
Evidentemente houve bate-boca,
insinuações torpes aqui e ali, mas é
do jogo. No futebol, nos meios acadêmicos, nas artes em geral, há bate-bocas piores, bate-bocas homicidas.
Gostei também da moderação do
Lula, acho que ele precisa ver o que
está havendo com as suas cordas vocais. Sua rouquidão pode ser sexy para as mulheres, mas a campanha é
longa, e a voz parece estar dando o
prego.
Outra coisa que me chamou a atenção: bem monitorados por suas equipes, os candidatos estão razoavelmente dentro do assunto.
Como os leitores podem perceber,
hoje estou propenso a elogios -e farei mais um. Na coluna do Boechat
de ontem, havia a notinha de que o
balanço da Vale do Rio Doce será
magro, "aliás, magérrimo".
A Vale era a estatal que mais lucro
dava. Sua privatização, louvada como um paraíso neoliberal, parece
que patinou feito. Vendida na chamada bacia das almas, só deu lucro
real aos que receberam comissões.
Voltando aos candidatos: seria
bom que eles, inclusive Serra, que às
vezes funcionava como o patinho feio
do governo, cobrassem uma punição
para aqueles que promoveram e lucraram com as privatizações. O governo FHC dilapidou o nosso patrimônio. E quem foi para a cadeia? O
juiz Lalau e a Gloria Trevi.
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