São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Pesca e floresta
"Mais absurda do que a falta de preparo do governo é a incapacidade de enxergar que a diminuição do volume de água nos rios e nos lagos é causada, entre outros fatores, pelo feroz desmatamento, cujo efeito na desertificação é reconhecido internacionalmente. Mais preocupante serão os problemas sociais e econômicos que surgirão, cujas causas são ignoradas ou escondidas da população. E agora está sendo proposto um Código Florestal apocalíptico, cujas propostas levarão à destruição quase absoluta do país pelo desmatamento que permitirá."
Hélcio R. Gil Santana (Niterói, RJ)

"Estranhei muito o pouco destaque dado na edição de ontem a um assunto de tão grande importância ao planeta -a votação do projeto que altera o Código Florestal e permite a diminuição das áreas verdes, de autoria do deputado Moacir Micheletto . Espero que não só as entidades ambientalistas mas também a sociedade protestem contra a articulação dos ruralistas e lutem para preservar as áreas florestais de todo o país. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a redução da área de cerrado amazônico coloca em risco a sobrevivência de um ecossistema de grande fragilidade e intensamente agredido."
Flavia Salles (São Paulo, SP)

"O Brasil, antes que seja tarde, deveria proibir a pesca profissional em seus rios e lagos. Para compensar os ribeirinhos, deveria, pelo menos no início, subsidiar aqueles que sobrevivem da pesca, implantando "fazendas" de peixes. Assim teriam, devido ao manejo racional, uma "colheita" garantida o ano todo. O turismo da pesca daria um grande salto. A fartura seria tanta que, havendo limitação do pescado, talvez nem fosse preciso ser adotada a pesca esportiva. Todos ficariam felizes: os ecologistas pela preservação ambiental, os pescadores profissionais por terem o sustento garantido, o turismo pelo incremento da pescaria e o Brasil por respeitar o conceito preservacionista internacional."
Humberto Schuwartz Soares
(Vila Velha, ES)

Pós-graduação
"A direção do Instituto de Biociências da Unesp -Universidade Estadual Paulista-, campus de Botucatu, gostaria de manifestar-se em relação à reportagem "MEC reprova 81 cursos de pós-graduação" (Cotidiano, pág. C6, 30/8) no que tange à avaliação do curso de pós-graduação em ciências biológicas realizada pela Capes. Esclarecemos que essa avaliação é feita por área de concentração, de modo que não há um conceito único para o curso. No IB, temos cinco áreas avaliadas -zoologia com conceito cinco, botânica com conceito quatro, genética com conceito quatro, farmacologia com conceito dois e biologia estrutural com conceito um. É importante destacar que as áreas de zoologia e de genética tiveram seus conceitos elevados e que a de botânica manteve a sua avaliação anterior, sendo todas elas elogiadas em diversos aspectos pela comissão responsável pela avaliação. A Capes reconheceu os esforços dessas áreas para atingir os critérios de excelência estabelecidos para os programas de pós-graduação do país, e a perspectiva é de crescimento. Com relação às áreas de farmacologia e de biologia estrutural, esforços serão envidados a fim de corrigir as falhas apontadas na avaliação e, dessa maneira, reformular suas propostas. De imediato, estão suspensas as matrículas de novos alunos nas duas áreas de modo a concentrar os esforços do corpo docente na sua melhoria. O primeiro passo desse processo será uma reunião, já agendada com os conselhos das cinco áreas de concentração do nosso curso de ciências biológicas, para dividir as experiências positivas das três áreas bem avaliadas com as demais, buscando o crescimento do curso como um todo."
Denise Maria Trombert de Oliveira, vice-diretora do Instituto de Biociências da Unesp (Botucatu, SP)

Política e fé
"Juntar-se à igreja e ganhar mais poder. Essa tática do governador Garotinho é milenar. Foi dessa forma que o imperador romano Constantino alterou as escrituras da Bíblia em 323 d.C. -é só pesquisar. O povo precisa abrir a sua mente para não se deixar levar mais uma vez, precisa entender que o verdadeiro Deus não está em igrejas, mas em qualquer lugar que se respire. Jesus dizia que, para rezar, não era necessário ir a templos nem a igrejas. Dizia que o crescimento espiritual é individual. Quando o povo entender isso, dificilmente os políticos e suas igrejas conseguirão enganá-lo."
Márcio Alencar (São José dos Campos, SP)

Greve no Judiciário
"Como funcionário do Judiciário paulista, gostaria de externar a minha indignação com a Folha. Os funcionários da Justiça de São Paulo estão em greve. E o percentual de paralisação está na faixa de 85%. Em 4/9, houve uma grandiosa assembléia na praça João Mendes, que não mereceu da Folha mais do que uma mísera nota, a qual atribuiu às entidades grevistas a informação de que apenas 2.000 pessoas estiverem presentes ao evento. É impossível acreditar que algum representante das entidades tenha dado uma informação como essa, haja vista que foi fartamente anunciado que o número de funcionários presentes ultrapassava os 15 mil. Não peço da Folha um juízo de valor sobre a paralisação, somente que seja dada cobertura jornalística compatível com a importância do movimento."
David Dias da Silva (São Paulo, SP)

Dupla porta
"Expressamos o nosso apoio incondicional ao professor José Aristodemo Pinotti pelo artigo publicado em 20/8 ("Saúde à venda nos hospitais universitários", "Tendências/Debates", pág. A3). Permitir que hospitais públicos universitários façam parcerias com fundações privadas para facilitar a retirada de mais recursos do setor privado fere o relacionamento entre os setores público e privado, porque o setor público passa a fazer concorrência desleal ao setor privado. Para manter a moralidade no setor público, as compras de aparelhos e os salários dos funcionários que executam procedimentos devidos pelo Estado devem ser pagos exclusivamente pelos cofres públicos. Em sã consciência, os professores universitários não podem acatar a lei do senador Lúcio Alcântara, que foi aprovada preliminarmente no Senado e pretende legalizar o "por fora", que já tem sido recebido por meio das fundações privadas pelos médicos e pelos funcionários dos hospitais universitários no exercício de suas funções públicas. Os hospitais privados são empresas que investem capital próprio e recursos sociais privados na sua formação e manutenção, e eles são complementares na distribuição da saúde pública. Somar por livre escolha os recursos suplementares privados nas personalizações feitas somente nos hospitais privados, sem perda da saúde pública essencial, é um direito de todos os consumidores. Nos hospitais públicos, a saúde essencial e integral não pode ser personalizada nem diferenciada do padrão SUS, porque, nesses locais, o povo tem o direito de ser atendido gratuitamente, uma vez que a saúde é pré-paga de forma igual por todos os cidadãos."
Jorge Henrique R. Galasso, diretor jurídico e Therezinha Beatriz A. de A. Zorowich, presidente do Idemeds -Instituto Brasileiro de Defesa dos Médicos, Dentistas e Sociedade (São Paulo, SP)



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