|
Próximo Texto | Índice
O PACTO DA CUT
O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Luiz
Marinho, apresentou ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro
José Dirceu e a um grupo de empresários a proposta de um pacto com
vistas a dar sustentação ao crescimento da economia. Obviamente
que pactos não têm esse dom, embora uma coordenação das ações dos
diversos setores econômicos nessa
direção seja desejável.
A idéia de Marinho, que será levada
ao presidente eleito da Fiesp, Paulo
Skaf, é articular um "entendimento
social" para evitar que a retomada da
atividade econômica em curso não
seja abortada por falta de investimentos, aumento da inflação e novas elevações da taxa de juros, conforme já
sinalizou a ata de agosto do Copom.
Na fórmula imaginada pelo sindicalista, cada setor econômico cederia
e receberia compensações em favor
do crescimento sustentado: o governo diminuiria os depósitos compulsórios e os impostos que incidem sobre o setor financeiro para que este
reduza os "spreads" e amplie a oferta
de crédito; os trabalhadores cederiam nas pressões salariais, mas teriam mais garantias de emprego; os
empresários controlariam os aumentos de preços e fariam investimentos produtivos em troca de uma
redução da carga tributária; e o Banco Central, por fim, se tudo isso desse certo, poderia adotar uma política
monetária menos restritiva.
A experiência já demonstrou de sobejo que compromissos dessa ordem, relativamente simples na formulação, são extremamente complexos na implementação. Mesmo
com simpatias governamentais e de
empresários, não há como não ver
com ceticismo as perspectivas de que
a movimentação ganhe representatividade e atraia o apoio dos múltiplos
atores e interesses em cena.
Do ponto de vista político, a proposta parece expressar uma tentativa
da ala "desenvolvimentista" do governo, representada, entre outros,
pelo senador Aloizio Mercadante,
possível candidato ao governo de São
Paulo, de ampliar suas alianças no
Estado e melhor se posicionar nos
embates com o Ministério da Fazenda e o Banco Central.
Próximo Texto: Editoriais: SAÚDE GLOBAL Índice
|