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Cerco à impunidade
AMPLIAR as formas de punir
quem dirige embriagado é
uma medida necessária
contra o coquetel assassino, consumido em excesso no Brasil,
composto por álcool e volante.
Por isso, representa um avanço o
recém-iniciado treinamento de
policiais militares para identificar motoristas que beberam
além do permitido.
Médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo vão treinar PMs
na identificação mais exata dos
sinais clínicos de intoxicação alcoólica. A técnica pode ajudar no
caso de condutores que se recusarem a fazer o teste do bafômetro -lei federal de 2006 permite
autuações com base em indícios
de embriaguez, desde que na
presença de duas testemunhas.
Olhos vermelhos, soluços ou sonolência, dificuldade de entender fatos, perda da noção de tempo e falta de coordenação são alguns sinais que os policiais terão
de buscar nos suspeitos.
Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com base em laudos do Instituto Médico Legal, dá a dimensão de quão letal é essa cultura de
dirigir alcoolizado: 56,6% dos
motoristas que morreram em
acidentes de trânsito na capital
paulista em 2005 estavam nessas condições. A concentração
alcoólica no sangue desses condutores foi, em média, de 1,7 g/l
-a legislação tolera até 0,69 g/l,
o equivalente a duas latas de cerveja de 350 ml. No país, o Ministério da Saúde avalia que metade
das mortes no trânsito estão ligadas ao abuso de álcool.
Especialistas em medicina e
em tráfego concordam que há
um sentimento de impunidade
disseminado entre motoristas
brasileiros. Como quase ninguém é punido por beber e dirigir, dá-se a tal comportamento
um reforço positivo. Com o treinamento do HC, a polícia terá
uma ferramenta a mais para agir
de forma efetiva e apertar o cerco
contra os condutores imprudentes que colocam vidas em risco.
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